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São Paulo, sábado, 07 de junho de 2003

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GUERRA DOS JUROS

"A exemplo dos bancos privados, os bancos públicos também têm gordura para queimar", diz ministro

BB e CEF vão reduzir juros, afirma Dirceu

PAULA REDA
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu (PT), afirmou ontem que os bancos oficiais, como o BB (Banco do Brasil) e a CEF (Caixa Econômica Federal), podem e irão baixar suas taxas de juros como forma de pressionar os bancos privados a fazerem o mesmo.
"A exemplo dos bancos privados, os bancos públicos também têm gordura para queimar e [assim] reduzir as suas taxas de juros", disse ontem em Piracicaba (162 km de São Paulo) na abertura do Simpósio da Indústria de Tecnologia Sucroalcooleira.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, já havia apresentado a proposta de redução dos juros dos bancos federais em uma reunião com empresários na terça-feira. Anteontem, membros da equipe econômica e dos dois bancos descartavam a possibilidade de reduzir os juros: eles avaliavam que as taxas de Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal já estão no limite do que poderiam estar abaixo dos juros médios cobrados pelo mercado.
Segundo o ministro José Dirceu, os acionistas do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal têm o direito e a obrigação de avaliar o impacto da redução dos juros na rotina dessas instituições financeiras, mas o governo federal não vai abrir mão de sua prerrogativa de baixar essas taxas, como forma de aumentar a concorrência no sistema bancário.
"Vamos reduzir a taxa de juros, mas isso será feito sem precipitação, para que não haja na sequência uma nova alta dos juros", afirmou o ministro.
De acordo com Dirceu, as novas críticas feitas pelo vice-presidente, José Alencar, às altas taxas de juros refletem uma inquietação de todo governo com respeito à criação de condições para a retomada do crescimento econômico.
O ministro também demonstrou preocupação com o resultado de uma pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do Ministério do Planejamento, que reduziu a expectativa de crescimento econômico do Brasil em 2003 de 1,8% para 1,6%.
"Até agora o governo Lula tem adotado uma postura realista, com o objetivo de não permitir que a inflação cresça, mas acredito que a partir do segundo semestre o país já comece a sentir os impactos positivos das medidas que adotamos para sanear as finanças públicas", declarou.
"Apesar de o deputado federal Waldemar Costa Neto [presidente do PL] ter dito que eu, o presidente Lula e o ministro Antonio Palocci [Fazenda] não entendemos de economia, somos nós que comandamos a economia do país", afirmou Dirceu.
Dirceu afirmou ainda que deverá procurar nos próximos dias o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, para evitar que o PDT abandone a base de sustentação do governo no congresso.
"Sempre tive um bom relacionamento com o ex-governador Brizola, mas estamos afastados nesse momento. Mas gostaria de deixar claro que, hoje, mesmo sem o PDT, construímos uma maioria sólida tanto na Câmara como no Senado", declarou.
Com relação às críticas feitas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Maurício Corrêa, ao texto da reforma da Previdência Social, aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Dirceu ressaltou que todas as propostas contrárias a algum item do projeto poderão ser debatidas durante a análise do projeto pelo plenário da Câmara.


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