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GUERRA DOS JUROS
"A exemplo dos bancos privados, os bancos públicos também têm gordura para queimar", diz ministro
BB e CEF vão reduzir juros, afirma Dirceu
PAULA REDA
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
O ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu (PT), afirmou ontem
que os bancos oficiais, como o BB
(Banco do Brasil) e a CEF (Caixa
Econômica Federal), podem e
irão baixar suas taxas de juros como forma de pressionar os bancos privados a fazerem o mesmo.
"A exemplo dos bancos privados, os bancos públicos também
têm gordura para queimar e [assim] reduzir as suas taxas de juros", disse ontem em Piracicaba
(162 km de São Paulo) na abertura
do Simpósio da Indústria de Tecnologia Sucroalcooleira.
O presidente da República, Luiz
Inácio Lula da Silva, já havia apresentado a proposta de redução
dos juros dos bancos federais em
uma reunião com empresários na
terça-feira. Anteontem, membros
da equipe econômica e dos dois
bancos descartavam a possibilidade de reduzir os juros: eles avaliavam que as taxas de Banco do
Brasil e da Caixa Econômica Federal já estão no limite do que poderiam estar abaixo dos juros médios cobrados pelo mercado.
Segundo o ministro José Dirceu,
os acionistas do Banco do Brasil e
da Caixa Econômica Federal têm
o direito e a obrigação de avaliar o
impacto da redução dos juros na
rotina dessas instituições financeiras, mas o governo federal não
vai abrir mão de sua prerrogativa
de baixar essas taxas, como forma
de aumentar a concorrência no
sistema bancário.
"Vamos reduzir a taxa de juros,
mas isso será feito sem precipitação, para que não haja na sequência uma nova alta dos juros", afirmou o ministro.
De acordo com Dirceu, as novas
críticas feitas pelo vice-presidente, José Alencar, às altas taxas de
juros refletem uma inquietação
de todo governo com respeito à
criação de condições para a retomada do crescimento econômico.
O ministro também demonstrou preocupação com o resultado de uma pesquisa do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), órgão do Ministério do
Planejamento, que reduziu a expectativa de crescimento econômico do Brasil em 2003 de 1,8%
para 1,6%.
"Até agora o governo Lula tem
adotado uma postura realista,
com o objetivo de não permitir
que a inflação cresça, mas acredito que a partir do segundo semestre o país já comece a sentir os impactos positivos das medidas que
adotamos para sanear as finanças
públicas", declarou.
"Apesar de o deputado federal
Waldemar Costa Neto [presidente do PL] ter dito que eu, o presidente Lula e o ministro Antonio
Palocci [Fazenda] não entendemos de economia, somos nós que
comandamos a economia do
país", afirmou Dirceu.
Dirceu afirmou ainda que deverá procurar nos próximos dias o
presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, para evitar que o PDT
abandone a base de sustentação
do governo no congresso.
"Sempre tive um bom relacionamento com o ex-governador
Brizola, mas estamos afastados
nesse momento. Mas gostaria de
deixar claro que, hoje, mesmo
sem o PDT, construímos uma
maioria sólida tanto na Câmara
como no Senado", declarou.
Com relação às críticas feitas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Maurício Corrêa, ao
texto da reforma da Previdência
Social, aprovado na Comissão de
Constituição e Justiça da Câmara,
Dirceu ressaltou que todas as propostas contrárias a algum item do
projeto poderão ser debatidas durante a análise do projeto pelo
plenário da Câmara.
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