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Juro alto só agrada a "uma meia
dúzia de banqueiros", diz Ciro
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, abandonou a
discrição que tem sido sua marca
desde que assumiu o cargo e afirmou ontem que só uma "meia
dúzia de banqueiros" está satisfeita com a atual taxa de juros.
Questionado se a taxa é um entrave ao crescimento, respondeu:
"Alguém pode achar diferente, tirando meia dúzia de banqueiros?
Tem algum brasileiro que imagina que taxa de juros alta é bom?".
Apesar das críticas, ele disse que
a questão não provocará uma
"fissura" na coesão "ao redor do
presidente Lula". Ciro falou depois de um seminário no BNDES
sobre a recriação da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), ao lado de
Celso Furtado (fundador do órgão, em 1958), da economista Maria da Conceição Tavares, da diretoria do banco e de especialistas.
Para o ministro, todo o governo
sabe do efeito negativo dos juros
elevados. "Taxa de juro é péssimo. O Lula acha isso, o [Antonio]
Palocci [ministro da Fazenda]
acha isso, o [Henrique] Meirelles
[presidente do BC] acha isso, o vice-presidente José Alencar acha
isso. E eu também", concluiu.
Tido como pai do desenvolvimentismo no país e reverenciado
por Lula, Celso Furtado defendeu
a política monetária do governo.
Disse que ela "é correta, pelo fato
de que o Brasil tem que conquistar confiança", mas ressalvou que
o país paga "preço alto" pelo aumento do endividamento público
e à estagnação econômica.
Em relação à nova Sudene, Ciro
anunciou que o órgão terá um orçamento de R$ 1,9 bilhão. Os recursos virão do Tesouro Nacional
e do fundo de desenvolvimento
regional a ser criado pela reforma
tributária -50% do valor estimado em R$ 2,7 bilhões irá para a Sudene. O ministro espera que o órgão seja recriado até o fim do ano.
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