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São Paulo, sábado, 07 de junho de 2003

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Juro alto só agrada a "uma meia dúzia de banqueiros", diz Ciro

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, abandonou a discrição que tem sido sua marca desde que assumiu o cargo e afirmou ontem que só uma "meia dúzia de banqueiros" está satisfeita com a atual taxa de juros.
Questionado se a taxa é um entrave ao crescimento, respondeu: "Alguém pode achar diferente, tirando meia dúzia de banqueiros? Tem algum brasileiro que imagina que taxa de juros alta é bom?".
Apesar das críticas, ele disse que a questão não provocará uma "fissura" na coesão "ao redor do presidente Lula". Ciro falou depois de um seminário no BNDES sobre a recriação da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), ao lado de Celso Furtado (fundador do órgão, em 1958), da economista Maria da Conceição Tavares, da diretoria do banco e de especialistas.
Para o ministro, todo o governo sabe do efeito negativo dos juros elevados. "Taxa de juro é péssimo. O Lula acha isso, o [Antonio] Palocci [ministro da Fazenda] acha isso, o [Henrique] Meirelles [presidente do BC] acha isso, o vice-presidente José Alencar acha isso. E eu também", concluiu.
Tido como pai do desenvolvimentismo no país e reverenciado por Lula, Celso Furtado defendeu a política monetária do governo. Disse que ela "é correta, pelo fato de que o Brasil tem que conquistar confiança", mas ressalvou que o país paga "preço alto" pelo aumento do endividamento público e à estagnação econômica.
Em relação à nova Sudene, Ciro anunciou que o órgão terá um orçamento de R$ 1,9 bilhão. Os recursos virão do Tesouro Nacional e do fundo de desenvolvimento regional a ser criado pela reforma tributária -50% do valor estimado em R$ 2,7 bilhões irá para a Sudene. O ministro espera que o órgão seja recriado até o fim do ano.


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