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São Paulo, sábado, 07 de junho de 2003

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Lula diz que país pobre tem que parar de chorar

DA AGÊNCIA FOLHA, EM ALTO ARAGUAIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem em Alto Araguaia (426 km de Cuiabá) a posição dos "países mais pobres" que adotam uma postura de "chorar" para as nações mais ricas da Europa e Estados Unidos. Lula elogiou a "capacidade agrícola" do Brasil e pediu indiretamente aos sem-terra e agricultores paciência até o governo fazer uma reforma agrária "tranquila" e "sem violência" no campo.
"Eu notei que os governantes dos países mais pobres passam o tempo inteiro reclamando que os Estados Unidos não dão para nós aquilo que achamos que temos direito", afirmou Lula.
"Uma outra parte do país passa o tempo inteiro reclamando que a Europa não faz por nós aquilo que nós gostaríamos que ela fizesse", acrescentou em referência à Rússia, à Índia, à África do Sul, à Argélia, ao México e ao Brasil.
Durante o discurso, Lula disse que os brasileiros precisam compreender que "não adianta ficar chorando para a União Européia reduzir o subsídios que ela dá para seus agricultores".
O presidente também afirmou que é inútil o apelo ao governo norte-americano, que estaria incentivando a produção de álcool de milho três vezes mais caro em relação ao produzido a partir da cana-de-açúcar no Brasil.
"Por que não comprar de nós? Primeiro, porque ele [o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush] precisa se reeleger lá e, segundo, manter a agricultura deles funcionando", disse.
Na avaliação de Lula, foi uma conquista para a América Latina a participação dele esta semana na Suíça no grupo do G8, que reúne os sete países mais ricos: Estados Unidos, Reino Unido, Itália, França, Alemanha, Canadá e Japão, além da Rússia, por sua importância geográfica e política.
"Ninguém respeita negociador que chora ou que anda de cabeça baixa", afirmou. O presidente afirmou também que, durante os trabalhos do G8, teve uma série de reuniões com os governantes da China, da Rússia, da Índia, da África do Sul e da Argélia.
Lula comentou que pediu união aos países para fazer a mesma política de relações com os países mais ricos. "Certamente não seríamos nós chorando para eles baixarem o subsídio. Seriam eles que viriam atrás de nós para oferecer os seus mercados", avaliou.
Sobre o crescimento econômico do Brasil, Lula disse que uma "vontade coletiva" trará desenvolvimento ao país. "Tem o povo apostando, tem uma classe empresarial que está com a convicção que este país não pode parar".
(HUDSON CORRÊA)


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