|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENSÃO NO CAMPO
Jaime Amorim diz que medida virá se em 15 dias o governo não encontrar solução para acampados em PE
MST diz que pode assentar por conta própria
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
O coordenador nacional do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) Jaime
Amorim afirmou ontem em Recife (PE) que o movimento vai assentar lavradores por conta própria, em Pernambuco, caso o governo não encontre uma solução
em 15 dias para os acampados em
áreas de litígio na Zona Mata, região canavieira do Estado.
"Vamos assentar as famílias, independentemente do Incra [Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária]", disse Amorim. A ameaça foi feita na presença do presidente do órgão, Marcelo Resende, e do ouvidor agrário
nacional, Gercino José da Silva Filho, durante audiência pública sobre a violência no campo realizada no Ministério Público Federal.
Segundo o líder sem-terra, a primeira área a ser dividida pelo
MST seria o engenho Bonito, de
1.090 hectares, localizado no município de Condado (a 105 km de
Recife). No local, vivem 120 famílias (500 pessoas). É o acampamento mais antigo do movimento. A área foi invadida em 1996.
Ainda de acordo com Amorim,
após o prazo de 15 dias os trabalhadores acampados no engenho
Prado, depredado e incendiado
por eles no dia 20 de maio, voltarão a erradicar as plantações de
cana-de-açúcar "para plantar alimentos no lugar".
O presidente do Incra afirmou
que vai "cumprir a Constituição"
e "fazer todos os esforços, mas
sem marcar prazos". Sobre a
ameaça do MST, disse que o movimento terá de assumir o que
eventualmente fizer.
Terra x dívida
Na audiência pública, Resende
anunciou novas medidas do governo para tentar aumentar o estoque de terra disponível para a
reforma agrária.
Segundo ele, o governo poderá
trocar eventuais dívidas de empresas e proprietários rurais com
a Previdência ou instituições bancárias por terra.
O Incra estuda ainda, afirmou, a
possibilidade de assumir o pagamento das indenizações por benfeitorias em terras devolutas
-que é atribuição dos Estados-
em troca da cessão dessas áreas
pelos governos estaduais para o
programa de reforma agrária.
Outra medida anunciada por
Resende é a retomada pela União
das propriedades com áreas acima de 15 módulos fiscais, sem registro de posse, localizadas a até
150 km de qualquer fronteira internacional do país. O módulo fiscal varia de 5 a 110 hectares, de
acordo com a região.
Resende anunciou ainda a retomada do processo de desapropriação do engenho Prado, que
estava suspenso por decisão judicial. O Ministério Público Federal
detectou indícios de irregularidade no projeto de reflorestamento
apresentado pela usina controladora do engenho. Foi o projeto,
agora contestado, que levou a Justiça a suspender a desapropriação, há cinco anos.
Texto Anterior: Política externa: Brasil, Índia e África do Sul criam "G3" de países em desenvolvimento Próximo Texto: Frases Índice
|