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"Contei a Lula sobre bônus", diz Perillo
NEY HAYASHI DA CRUZ
ENVIADO ESPECIAL A GOIÂNIA
CHICO DE GOIS
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), disse ontem
que aliados do governo federal
procuraram dois deputados federais tucanos e ofereceram uma
"mesada" de R$ 40 mil para que
eles trocassem de partido. Perillo
afirmou ter contado isso ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
que, segundo o governador, desconhecia o assunto.
"Foi um assédio", disse Perillo.
"Era para trocar de partido, sair
do PSDB e ir para a base do governo, por uma mesada de R$ 40 mil
por mês e R$ 1 milhão por ano de
bônus", declarou. Perillo alegou
uma "questão ética" para não citar os nomes dos deputados que
teriam recebido a proposta nem
dos representantes do governo
que estariam envolvidos no caso.
Em entrevista publicada ontem
pela Folha, o presidente do PTB,
Roberto Jefferson, afirmou que o
tesoureiro do PT, Delúbio Soares,
pagava um "mensalão" de R$ 30
mil para parlamentares em troca
de apoio ao governo no Congresso. Ainda de acordo com Jefferson, a prática foi interrompida no
começo deste ano, depois que ele
informou Lula sobre o esquema.
Jefferson é suspeito de envolvimento em um esquema de corrupção nos Correios e no IRB
(Instituto de Resseguros do Brasil), estatais que contam com dirigentes que foram indicados aos
cargos por seu partido. Segundo a
revista "Veja", o presidente do
PTB cobrava uma mesada de R$
400 mil ao ex-presidente do IRB,
Lídio Duarte, que havia sido indicado pelo partido para ocupar o
cargo. Jefferson nega envolvimento com essas denúncias.
O governador participou do
lançamento do "Programa Goiano de Qualificação do Trabalhador" e, a uma platéia de empresários, discursou: "O que foi revelado hoje [ontem] pela Folha de S.
Paulo foi dito por mim, pessoalmente, ao presidente da República um ano e meio [sic] atrás".
A jornalistas, Perillo disse que
em maio de 2004, numa visita de
Lula a Rio Verde (230 km de
Goiânia), conversou com o presidente sobre o "assédio" aos deputados tucanos. A resposta de Lula
teria sido: "Isso foi algo que o Sérgio Motta introduziu" -ex-ministro das Comunicações de Fernando Henrique Cardoso, Sérgio
Motta suspeito de envolvimento
num esquema de compra de votos de parlamentares para a aprovação, em 1997, da emenda constitucional que permitiu a reeleição de presidentes.
"Mas no seu governo está acontecendo isso", teria respondido
Perillo. A secretária de Ciência e
Tecnologia de Goiás e deputada
federal licenciada, Raquel Teixeira (PSDB), disse que tinha conhecimento da proposta de "mesada", mas não quis citar nomes.
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