São Paulo, quarta-feira, 07 de junho de 2006

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Painel

Lugar na mesa

Na terça-feira da semana passada, ao final de encontro da comissão política criada no PT para cuidar da campanha de Lula, Bruno Maranhão avisou aos colegas: "Na próxima semana eu não venho. Tenho outro compromisso". Ontem se soube qual era. Os demais integrantes da comissão petista, que estava reunida enquanto rolava a depredação na Câmara, receberam os primeiros informes de Doutor Rosinha (PR), deputado da chamada esquerda do partido.
Secretário de Movimentos Populares, o líder do MLST é problema maior do que sugerem as primeiras declarações da direção petista. Maranhão não apenas tem assento no grupo que trata da reeleição, mas freqüentava o palácio e já dormiu na Granja do Torto.

PCC do Lula 1. Tucanos e pefelistas se revezaram ontem na tribuna para reforçar a associação entre a invasão, o PT e o presidente da República. "O episódio terá, para ele, o efeito nocivo que a crise da segurança em São Paulo teve para nós", dizia um senador.

PCC do Lula 2. A depredação da Câmara é vista por aliados de Alckmin como chance de tirar o pé do atoleiro, reforçado ontem pelo Ibope que deu Lula empatado com o tucano em São Paulo.

Camomila. Enquanto o pau quebrava no Salão Verde, o veterano de greves e piquetes Vicentinho (PT-SP) navegava na Internet no cafezinho. Mais tarde, quando oradores disputavam microfones, o deputado tomava uma xícara de chá sozinho na última fileira do plenário.

Disco voador. Teoria lançada por Miro Teixeira (PDT-RJ) e defendida por Jandira Feghali (PC do B-RJ): os invasores seriam, na verdade, "provocadores de extrema-direita" infiltrados no movimento dos sem-terra.

Estilo Aldo. Manchete do site da Câmara horas depois da depredação: "Aldo mantém a Câmara aberta a movimentos". No texto, o presidente "garante" que a invasão não será "pretexto" para afastar a Casa das lutas sociais.

Gabinete virtual. O deputado cassado José Dirceu aguardava embarque para Brasília, ontem em Congonhas, analisando uma pilha de pleitos de petistas abrigada em pasta da Câmara.

Alta. O mensaleiro José Janene (PP-PR), que não depôs no seu processo de cassação alegando estar convalescendo, conversava animado com o presidente do seu partido, o cassado Pedro Corrêa (PE), também em Congonhas.

Pique-pique. O programa de TV do PFL será baseado no aniversário de um ano do mensalão. Haverá trechos da denúncia do Ministério Público, fotos dos mensaleiros com Lula e, a toda hora, a frase: "E ele não sabia de nada."

Pressão. Jorge Bornhausen entregou ontem a Alckmin pesquisa GPP sobre a sucessão no Rio. O presidenciável tucano disse que o partido está conversando com Eduardo Paes, candidato no Estado, sobre a possibilidade de acordo com o PPS e o PFL.

Tentativa. Paes, isolado, procurou Fernando Gabeira para oferecer a vaga para o Senado ao PV. O deputado agradeceu, mas disse que a aliança com Denise Frossard, candidata do PPS, é mais viável.

Fosfosol. Do presidente do PT, Ricardo Berzoini, a Raul Jungmann (PPS-PE), que o acusou de confundir realidade e fantasia ao negar o mensalão: "Ele, sim, fez parte de um governo que abafou os pedidos de CPI. Quem precisa refrescar a memória é ele."

Tiroteio

A desculpa do PT será a de sempre: alguns erraram. Todo mundo erra no PT, mas o PT nunca erra. Se não expulsaram os mensaleiros, também não vão expulsar o Bruno Maranhão.


De JOSÉ JORGE (PFL-PE), senador e candidato a vice na chapa do tucano Geraldo Alckmin, sobre a invasão da Câmara por integrantes do MLST liderados por um membro da Executiva Nacional petista.

Contraponto

Padrinho de ocasião

Ainda como governador de São Paulo, Geraldo Alckmin visitava o centro da pequena cidade de Lucélia acompanhado do deputado estadual Rodolfo Costa e Silva, também do PSDB, quando passou em frente à Igreja Matriz.
-O senhor não vai entrar, não é, governador? Está tendo casamento- avisou o parlamentar.
-Não tem problema, Rodolfo- respondeu Alckmin.
O aliado ainda tentou detê-lo:
-Governador, mas está todo mundo arrumado lá dentro, todos de terno e gravata.
Alckmin, católico praticante, insistiu:
-Não tem problema, Rodolfo.
Ele entrou na igreja, fez o sinal da cruz e seguiu rumo ao altar. Ao se aproximar, foi recebido com simpatia por pais e padrinhos que esperavam a noiva atrasada. E não teve dúvida: colocou-se ao lado deles para sair na foto.


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