São Paulo, quarta-feira, 07 de junho de 2006

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Lula orienta governo a repudiar invasão

Palácio do Planalto e Ministério da Justiça divulgam notas para evitar eventual uso eleitoral de invasão liderada por petista

Membro da Executiva do PT, Bruno Maranhão foi um dos líderes da ação, considerada pelo governo federal ato de "agressão" e "vandalismo"


PEDRO DIAS LEITE
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para evitar eventual uso eleitoral da invasão do Congresso por dissidentes do MST liderados por um membro da Executiva do PT, Bruno Maranhão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que o Palácio do Planalto e o Ministério da Justiça divulgassem notas reprovando com rigor o ato.
O governo classificou de "agressão" e "vandalismo" a invasão e afirmou que a ação "fere os princípios da democracia e deve ser tratada com o rigor da lei", segundo nota assinada pelo porta-voz e secretário de Imprensa da Presidência da República, André Singer.
A nota do Ministério da Justiça colocou a Polícia Federal à disposição para eventual "persecução criminal dos responsáveis". O texto afirmou que os sem-terra "apedrejaram a democracia no lamentável ato".
As notas foram divulgadas depois que o presidente, em viagem ao Ceará, ligou para o Planalto para obter detalhes da invasão. Informado de que Bruno Maranhão era um dos líderes, Lula ficou preocupado com eventual exploração política do episódio. Achou que a oposição pudesse acusar o PT de conivência com a invasão.

Boné
O movimento que "agrediu" o Congresso já teve acolhida no gabinete presidencial. Em 2004, Lula recebeu 14 líderes do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), e chegou a vestir boné do grupo e tirar fotos com seus integrantes.
Naquele ano, o governo federal liberou ao menos R$ 9 milhões para o MLST. A Folha questionou ontem o Ministério do Desenvolvimento Agrário sobre novos repasses, mas não obteve resposta até a conclusão desta edição.
Na nota de ontem, a Presidência "manifesta solidariedade e apoio ao Congresso Nacional diante da invasão das suas dependências em um grave ato de vandalismo cometido contra o Parlamento".
Preocupado com a repercussão do caso, o governo tratou de diferenciar o grupo dos outros movimentos sociais. "A Presidência da República está segura de que os movimentos sociais brasileiros não se identificam com atitudes de violência que foram cometidas contra instituições cuja liberdade e soberania foram tão difíceis de conquistar", conclui a nota.
O ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) rotulou de "incompreensível" e "intolerável" a atitude do MLST. "Nosso repúdio ao que aconteceu. Isso é absolutamente incompreensível e intolerável. A reforma agrária somente vai ser vitoriosa quando ela for uma agenda de paz e de produção. Enquanto agenda de violência, ela é sempre derrotada."
De acordo com o ministro, o episódio de ontem foi algo "isolado" e deve ser punido "de acordo com a lei".


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