|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula orienta governo a repudiar invasão
Palácio do Planalto e Ministério da Justiça divulgam notas para evitar eventual uso eleitoral de invasão liderada por petista
Membro da Executiva do PT,
Bruno Maranhão foi um dos
líderes da ação, considerada
pelo governo federal ato de
"agressão" e "vandalismo"
PEDRO DIAS LEITE
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para evitar eventual uso eleitoral da invasão do Congresso
por dissidentes do MST liderados por um membro da Executiva do PT, Bruno Maranhão, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva determinou que o Palácio
do Planalto e o Ministério da
Justiça divulgassem notas reprovando com rigor o ato.
O governo classificou de
"agressão" e "vandalismo" a invasão e afirmou que a ação "fere os princípios da democracia
e deve ser tratada com o rigor
da lei", segundo nota assinada
pelo porta-voz e secretário de
Imprensa da Presidência da
República, André Singer.
A nota do Ministério da Justiça colocou a Polícia Federal à
disposição para eventual "persecução criminal dos responsáveis". O texto afirmou que os
sem-terra "apedrejaram a democracia no lamentável ato".
As notas foram divulgadas
depois que o presidente, em
viagem ao Ceará, ligou para o
Planalto para obter detalhes da
invasão. Informado de que
Bruno Maranhão era um dos líderes, Lula ficou preocupado
com eventual exploração política do episódio. Achou que a
oposição pudesse acusar o PT
de conivência com a invasão.
Boné
O movimento que "agrediu"
o Congresso já teve acolhida no
gabinete presidencial. Em
2004, Lula recebeu 14 líderes
do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), e chegou a vestir boné do grupo e tirar fotos com seus integrantes.
Naquele ano, o governo federal liberou ao menos R$ 9 milhões para o MLST. A Folha
questionou ontem o Ministério
do Desenvolvimento Agrário
sobre novos repasses, mas não
obteve resposta até a conclusão
desta edição.
Na nota de ontem, a Presidência "manifesta solidariedade e apoio ao Congresso Nacional diante da invasão das suas
dependências em um grave ato
de vandalismo cometido contra o Parlamento".
Preocupado com a repercussão do caso, o governo tratou
de diferenciar o grupo dos outros movimentos sociais. "A
Presidência da República está
segura de que os movimentos
sociais brasileiros não se identificam com atitudes de violência que foram cometidas contra instituições cuja liberdade e
soberania foram tão difíceis de
conquistar", conclui a nota.
O ministro Guilherme Cassel
(Desenvolvimento Agrário) rotulou de "incompreensível" e
"intolerável" a atitude do
MLST. "Nosso repúdio ao que
aconteceu. Isso é absolutamente incompreensível e intolerável. A reforma agrária somente
vai ser vitoriosa quando ela for
uma agenda de paz e de produção. Enquanto agenda de violência, ela é sempre derrotada."
De acordo com o ministro, o
episódio de ontem foi algo "isolado" e deve ser punido "de
acordo com a lei".
Texto Anterior: Perfil: Filho de família rica, líder atuou em luta armada Próximo Texto: Frases Índice
|