São Paulo, quarta-feira, 07 de junho de 2006

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Leniência de Lula encoraja depredações, diz Alckmin

Tucano critica presidente por receber lideranças dos sem-terra no Planalto

Presidenciável afirma que invasão foi provocada pela falta de autoridade do governo, que não reprime quem age à margem da lei


SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidenciável do PSDB, Geraldo Alckmin, atribuiu ontem a invasão e depredação da Câmara dos Deputados à "leniência e falta de autoridade" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que "acaba estimulando esse tipo de comportamento" ao receber líderes dos sem-terra no Planalto. "É resultado da falta de autoridade do governo, resultado de leniência no cumprimento lei. É lamentável que um dos líderes desse movimento seja o secretário nacional do PT [Bruno Maranhão]. É resultado do estímulo do próprio governo federal a esse tipo de movimento, inclusive do presidente da República, recebendo lideranças desse movimento", disse. Ao chegar a Brasília, à tarde, o tucano tratou do assunto em reunião com o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), e os senadores Heráclito Fortes (PFL-PI) e José Jorge (PFL-PE). "Isso é resultado da falta do governo em colocar de maneira clara uma posição de autoridade, de cumprimento da lei, e ir contra pessoas que agem à margem da lei. Mas o governo, ao invés de agir dessa forma, acaba estimulando esse tipo de comportamento e esses movimentos", disse Alckmin. O tucano classificou o MLST (Movimento pela Libertação dos Sem Terra) como um grupo que "age às margens da lei". "Se queremos uma democracia e temos apreço pela democracia, temos de exigir o cumprimento da lei. Não é possível tolerar movimentos que agem à margem da lei, e que o próprio presidente da República ainda receba movimentos, pessoas ligadas ao partido do presidente, dando esse exemplo", disse. Alckmin ainda afirmou que a depredação era um "acinte à sociedade brasileira". Indicado para vice de Alckmin, José Jorge afirmou que Lula "deve explicações à nação" porque Bruno Maranhão "não é um desconhecido": "Eles já foram recebidos pelo presidente Lula". O senador Jorge Bornhausen (PFL-SC) disse que Lula incentivou a violência ao colocar o boné do MST em 2003: "Do boné à invasão violenta da Câmara, não se passaram apenas três anos, mas ocorreu uma escalada de rendições, concessões, leniência, chantagens, saques, invasões de propriedade e depredações de prédios públicos".

Campanha
Miguel Reale Júnior, advogado e ex-ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso, será o responsável pelo comitê financeiro da campanha de Alckmin, como antecipou a Folha. Convidado pelo tucano, ele aceitou numa conversa na segunda-feira, em São Paulo. Ele deverá indicar outros integrantes da coordenação. Também cogitado para a função, o ex-secretário de Justiça Belisário dos Santos Júnior não pôde integrar o comitê por ser dirigente de uma ONG que acompanha gastos públicos. A montagem do comitê só poderá ser formalizada quatro dias após a convenção, que acontecerá no próximo domingo.


Colaborou CATIA SEABRA , da Reportagem Local


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