São Paulo, quinta-feira, 07 de junho de 2007

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Conselho de Ética abre processo contra Renan

Presidente do Senado diz não estar preocupado com investigação e que é chance de "mostrar de que lado está a verdade"

Relator do caso será Epitácio Cafeteira (PTB-MA), aliado da família Sarney e do grupo político de Renan; tendência é de que ele seja absolvido


Leonardo Wen/Folha Imagem
O presidente do Senado, Renan Calheiros, em seu gabinete


FERNANDA KRAKOVICS
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Conselho de Ética do Senado abriu ontem processo contra o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), para investigar indícios de quebra de decoro parlamentar. O relator será o líder do PTB, senador Epitácio Cafeteira (MA), aliado da família Sarney e do mesmo grupo político de Renan.
Embora a tendência seja absolvê-lo, os líderes partidários quiseram evitar o desgaste político de arquivar de forma sumária a representação feita pelo PSOL ou de adiar mais uma vez a decisão. Renan foi avisado previamente da decisão.
Cafeteira disse na última segunda que não há provas contra Renan. "Não vi nenhuma acusação documentada." Depois de indicado relator, o senador tentou minimizar a declaração. "Não conheço o processo", disse ele, que estava no Maranhão e não participou da sessão.
O próximo passo é notificar Renan para que ele apresente sua defesa no prazo de cinco sessões. A partir do momento que for citado no processo, ele não pode renunciar ao mandato para evitar eventual cassação. Senadores ouvidos pela Folha afirmam que é primeira vez que o Conselho de Ética abre um processo contra um presidente do Senado.
"Não tenho nenhuma preocupação com o conselho. É um caminho para que possamos mostrar com todas as letras de que lado está a verdade. Já entreguei todas as provas e o que for necessário entregar mais, estou disposto a entregar", disse Renan, que tenta evitar um depoimento da jornalista Mônica Veloso no conselho.
O senador é suspeito de ter despesas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. Ele entregava R$ 12 mil mensais a Mônica veloso, com quem o peemedebista tem uma filha. Renan e Gontijo afirmam que o dinheiro era do senador.
"Vou continuar representando o Senado e no final a verdade vai preponderar", disse Renan.
O senador também foi citado nas investigações da Operação Navalha. Ele teria trabalhado para liberar recursos para a construtora Gautama, cujo dono, Zuleido Veras, foi preso por supostas fraudes em obras. O senador admite ter intercedido por se tratar de obras prioritárias para seu Estado, mas diz que não responde pelo fato de a construtora ter sido envolvida em escândalo de corrupção.
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), disse que se reuniu anteontem a ministra do STJ Eliana Calmon e que ela teria dito não haver nada contra Renan, até agora.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que Renan deveria se afastar do cargo "por uma questão de princípio".
Para o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), o fato de o presidente ser investigado "é muito ruim para a Casa". Segundo ele, o regimento interno do Senado não prevê o afastamento da presidência.


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