|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Conselho de Ética abre processo contra Renan
Presidente do Senado diz não estar preocupado com investigação e que é chance de "mostrar de que lado está a verdade"
Relator do caso será Epitácio Cafeteira (PTB-MA), aliado da família Sarney e do grupo político de Renan; tendência é de que ele seja absolvido
Leonardo Wen/Folha Imagem
|
O presidente do Senado, Renan Calheiros, em seu gabinete |
FERNANDA KRAKOVICS
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Conselho de Ética do Senado abriu ontem processo contra o presidente da Casa, Renan
Calheiros (PMDB-AL), para investigar indícios de quebra de
decoro parlamentar. O relator
será o líder do PTB, senador
Epitácio Cafeteira (MA), aliado
da família Sarney e do mesmo
grupo político de Renan.
Embora a tendência seja absolvê-lo, os líderes partidários
quiseram evitar o desgaste político de arquivar de forma sumária a representação feita pelo PSOL ou de adiar mais uma
vez a decisão. Renan foi avisado
previamente da decisão.
Cafeteira disse na última segunda que não há provas contra
Renan. "Não vi nenhuma acusação documentada." Depois
de indicado relator, o senador
tentou minimizar a declaração.
"Não conheço o processo", disse ele, que estava no Maranhão
e não participou da sessão.
O próximo passo é notificar
Renan para que ele apresente
sua defesa no prazo de cinco
sessões. A partir do momento
que for citado no processo, ele
não pode renunciar ao mandato para evitar eventual cassação. Senadores ouvidos pela
Folha afirmam que é primeira
vez que o Conselho de Ética
abre um processo contra um
presidente do Senado.
"Não tenho nenhuma preocupação com o conselho. É um
caminho para que possamos
mostrar com todas as letras de
que lado está a verdade. Já entreguei todas as provas e o que
for necessário entregar mais,
estou disposto a entregar", disse Renan, que tenta evitar um
depoimento da jornalista Mônica Veloso no conselho.
O senador é suspeito de ter
despesas pessoais pagas pelo
lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. Ele
entregava R$ 12 mil mensais a
Mônica veloso, com quem o
peemedebista tem uma filha.
Renan e Gontijo afirmam que o
dinheiro era do senador.
"Vou continuar representando o Senado e no final a verdade
vai preponderar", disse Renan.
O senador também foi citado
nas investigações da Operação
Navalha. Ele teria trabalhado
para liberar recursos para a
construtora Gautama, cujo dono, Zuleido Veras, foi preso por
supostas fraudes em obras. O
senador admite ter intercedido
por se tratar de obras prioritárias para seu Estado, mas diz
que não responde pelo fato de a
construtora ter sido envolvida
em escândalo de corrupção.
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), disse
que se reuniu anteontem a ministra do STJ Eliana Calmon e
que ela teria dito não haver nada contra Renan, até agora.
O senador Pedro Simon
(PMDB-RS) disse que Renan
deveria se afastar do cargo "por
uma questão de princípio".
Para o senador Demóstenes
Torres (DEM-GO), o fato de o
presidente ser investigado "é
muito ruim para a Casa". Segundo ele, o regimento interno
do Senado não prevê o afastamento da presidência.
Texto Anterior: Renascer: Casal faz acordo para não ir a júri popular Próximo Texto: Entrevista: Relator do caso Renan quer um processo rápido Índice
|