São Paulo, quinta-feira, 07 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ BASE PARTIDA

Analistas temem que Silas Rondeau, novo ministro de Minas e Energia indicado pelo PMDB, se utilize de manobras políticas para indicação de projetos

Indicação política faz ações de elétricas caírem

IVONE PORTES
DA FOLHA ONLINE

A indicação de Silas Rondeau para o Ministério de Minas e Energia desagradou o mercado. A reação ontem das ações do setor de energia elétrica na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) foi negativa após a confirmação de Rondeau no ministério.
Das dez ações com as maiores quedas no Ibovespa -principal índice da Bolsa paulista, composto por 55 ações-, cinco eram de distribuidoras e de geradoras de energia. As baixas atingiram até 6% nos preços.
Para Rafael Quintanilha, analista da corretora Ágora Senior, o que mais preocupa o mercado é o fato de Rondeau ter assumido o ministério por indicação política e não por meio de uma escolha técnica. Ele foi indicado pelo senador José Sarney (PMDB-AP).
Segundo analistas, embora Rondeau tenha um perfil considerado técnico e longa experiência profissional no setor, há um temor no mercado de que ele se utilize de eventuais manobras políticas na indicação de projetos.
Na avaliação de Quintanilha, a entrada do novo ministro gera apreensão em relação aos próximos passos para a definição do modelo de energia elétrica. O analista citou o leilão de energia "nova" (de usinas que devem ser construídas) previsto para acontecer no último trimestre do ano.
"A expectativa é se os leilões serão bem-sucedidos, pois vão definir a capacidade de crescimento e de geração de energia nova."
O leilão de energia "velha" (de usinas já existentes), ocorrido no primeiro semestre deste ano, foi considerado um fracasso. Os preços fixados foram considerados inviáveis pelas geradoras, que não quiseram vender a energia. Há um temor de que a história se repita no leilão de energia "nova".
Alguns profissionais ressaltam ainda que o setor é naturalmente sensível a especulações políticas, principalmente por não contar com uma regulamentação consolidada. Assim, qualquer mudança gera volatilidade nas ações.

Ações
Os papéis que mais perderam foram as ações ordinárias (com direito a voto) da Light, a distribuidora do Rio, que fechou com perdas de 6,01%, a R$ 49,39 o lote de mil. Em seguida estava a ação ordinária da Tractebel, que teve queda de 5,91%, para R$ 9,55.
Figuraram também entre as dez quedas mais expressivas as ações da Cemig e da Copel. Ações da Eletrobrás, que Rondeau presidia, caíram 2,58% e ficaram entre as mais negociadas da Bovespa.


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