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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ BASE PARTIDA
Analistas temem que Silas Rondeau, novo ministro de Minas e Energia indicado pelo PMDB, se utilize de manobras políticas para indicação de projetos
Indicação política faz ações de elétricas caírem
IVONE PORTES
DA FOLHA ONLINE
A indicação de Silas Rondeau
para o Ministério de Minas e
Energia desagradou o mercado. A
reação ontem das ações do setor
de energia elétrica na Bovespa
(Bolsa de Valores de São Paulo)
foi negativa após a confirmação
de Rondeau no ministério.
Das dez ações com as maiores
quedas no Ibovespa -principal
índice da Bolsa paulista, composto por 55 ações-, cinco eram de
distribuidoras e de geradoras de
energia. As baixas atingiram até
6% nos preços.
Para Rafael Quintanilha, analista da corretora Ágora Senior, o
que mais preocupa o mercado é o
fato de Rondeau ter assumido o
ministério por indicação política
e não por meio de uma escolha
técnica. Ele foi indicado pelo senador José Sarney (PMDB-AP).
Segundo analistas, embora
Rondeau tenha um perfil considerado técnico e longa experiência profissional no setor, há um
temor no mercado de que ele se
utilize de eventuais manobras políticas na indicação de projetos.
Na avaliação de Quintanilha, a
entrada do novo ministro gera
apreensão em relação aos próximos passos para a definição do
modelo de energia elétrica. O analista citou o leilão de energia "nova" (de usinas que devem ser
construídas) previsto para acontecer no último trimestre do ano.
"A expectativa é se os leilões serão bem-sucedidos, pois vão definir a capacidade de crescimento e
de geração de energia nova."
O leilão de energia "velha" (de
usinas já existentes), ocorrido no
primeiro semestre deste ano, foi
considerado um fracasso. Os preços fixados foram considerados
inviáveis pelas geradoras, que não
quiseram vender a energia. Há
um temor de que a história se repita no leilão de energia "nova".
Alguns profissionais ressaltam
ainda que o setor é naturalmente
sensível a especulações políticas,
principalmente por não contar
com uma regulamentação consolidada. Assim, qualquer mudança
gera volatilidade nas ações.
Ações
Os papéis que mais perderam
foram as ações ordinárias (com
direito a voto) da Light, a distribuidora do Rio, que fechou com
perdas de 6,01%, a R$ 49,39 o lote
de mil. Em seguida estava a ação
ordinária da Tractebel, que teve
queda de 5,91%, para R$ 9,55.
Figuraram também entre as dez
quedas mais expressivas as ações
da Cemig e da Copel. Ações da
Eletrobrás, que Rondeau presidia,
caíram 2,58% e ficaram entre as
mais negociadas da Bovespa.
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