São Paulo, quinta-feira, 07 de julho de 2005

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PT SOB SUSPEITA

Suposto beneficiado pelo esquema, Cortez desmente história

Vicentini denuncia propina em SP

DA REPORTAGEM LOCAL

O 2º tesoureiro do PPS paulistano, Rui Vicentini, reafirmou ontem, desta vez em depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE), ter conhecimento de um suposto esquema de pagamento de propina a vereadores na gestão Marta Suplicy (PT) em São Paulo.
Vicentini, ouvido durante duas horas pelos promotores, citou o ex-vereador Raul Cortez como um dos parlamentares que teriam recebido dinheiro em troca de apoio à então prefeita petista.
O Ministério Público, que investiga a existência de um suposto "mensalão" em São Paulo, deve ouvir Cortez no início de agosto.
Sem apresentar provas, o 2º tesoureiro do PPS afirmou ainda que o "operador" do suposto "mensalão" municipal seria José Mentor (PT), ex-líder de Marta na Câmara Municipal e hoje deputado federal.
Disse que dois doleiros -Raul Henrique Srour e Richard Andrew de Mol Van Otterloo-, por meio de suas empresas, teriam participação no suposto esquema de pagamento de propina. Os promotores pretendem convocar os doleiros para depor.

Relatos
Vicentini declarou ter ouvido relatos da suposta compra de votos do ex-chefe da Assessoria Parlamentar da Secretaria de Governo, Marco César Aga.
A confidência teria sido feita pelo fato de ambos serem "amigos" e da mesma cidade, Casa Branca (interior paulista).
"Marco Aga falava que o esquema na Câmara Municipal era de "grana" e que não tinha mais jeito de outra negociação. Se a prefeitura quisesse parar alguma investigação sobre a administração era na base do dinheiro, e que cada votação tinha um valor", disse o tesoureiro no depoimento.
Vicentini apresentou cópias de mensagens que teriam sido trocadas, por e-mail, entre os dirigentes do PPS em janeiro.
Numa delas, do dia 23 daquele mês, o tesoureiro faz acusações a três ex-secretários de Marta, Carlos Zarattini, Rui Falcão e Valdemir Garreta, e chega a citar o ex-ministro e hoje deputado José Dirceu (PT-SP).
"O secretário de governo da Dona Marta, Rui Falcão, organizou, a partir de seu gabinete, o caixa único. O Zarattini e o Garreta arrecadavam o dinheiro dos empresários de ônibus e do lixo e o que sobrava era enviado para o gabinete do José Dirceu", diz o e-mail. Também acusa Mentor de "aliciar" vereadores e o ex-presidente da Câmara, Arselino Tatto, de "prover os vereadores de fundos". "A eleição da Mesa [Diretora], onde (sic) se derrotou o candidato do Serra, é prova da eficiência deste sistema", conclui, questionando a derrota do candidato governista à presidência da Câmara Municipal, Ricardo Montoro (PSDB), na escolha de janeiro.

Compra de apoio
No depoimento, Vicentini voltou a acusar o PT de tentar "comprar" o apoio do PPS na campanha à reeleição de Marta.
Um dos autores da suposta proposta seria Garreta. Segundo o tesoureiro, o ex-secretário de Marta Suplicy teria dito que a suposta oferta de R$ 4 milhões também estaria sendo oferecida para os "partidos nanicos".
(CONRADO CORSALETTE)


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