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Argello está ligado a fraude, diz Tuma
Advogado nega envolvimento do suplente de Roriz com esquema desmontado pela Operação Aquarela
Segundo Maurício Corrêa, Gim Argello realmente ofereceu terreno ao dono da Gol, mas não ganhou nada ao intermediar negociação
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), disse ter
ouvido do juiz Roberval Belinati, da 1ª Vara Criminal do Distrito Federal, que há "comprometimento sério" de Gim Argello (PTB-DF), suplente do ex-senador Joaquim Roriz, com o
esquema de desvio de R$ 50
milhões do BRB (banco oficial
do Distrito Federal), revelado
pela Operação Aquarela.
"O juiz me disse que há um
comprometimento sério dele
com a Operação Aquarela, e
que assim que ele tomar posse
no Senado enviará toda a documentação sobre seu caso para o
Supremo Tribunal Federal",
declarou o corregedor.
O Ministério Público e a Polícia Civil do Distrito Federal
suspeitam que Argello tenha sido um dos destinatários da partilha de um cheque de R$ 2,23
milhões que teria sido entregue
a Roriz por Nenê Constantino.
Nem Belinati nem Tuma disseram qual seria esse comprometimento. A única gravação
que veio a público até agora é a
de uma pessoa que participou
da negociação do terreno e que
diz a um interlocutor, em tom
de piada: "Se a Polícia Federal
baixar aqui agora, leva todo
mundo. Tô eu, o Gim Argelo e o
Nenê Constantino".
O advogado de Gim Argello,
Maurício Corrêa, diz que seu
cliente "nada tem a ver com a
Operação Aquarela". "O que há
é uma referência naquela gravação de um certo corretor falar no nome dele. Ele não tem
nada a ver com a Operação
Aquarela, tá fora disso".
Argello intermediou pelo
menos parte da negociação para a venda do terreno de Brasília que se valorizou cerca de R$
72 milhões em apenas um ano e
que é alvo de investigação, disse
o ex-ministro do STF Maurício
Corrêa, que ressaltou que ele
não recebeu porém "nenhum
centavo" pela intermediação.
Argello ofereceu o terreno ao
empresário Nenê Constantino,
presidente do Conselho de Administração da empresa Gol.
Constantino demonstrou interesse, mas deixou a negociação "esfriar" com o objetivo de
tirar Argello da negociação e se
livrar do pagamento da corretagem, tendo fechado o negócio
posteriormente, disse Corrêa.
O negócio em torno do terreno, de 80 mil m2, é investigado
porque a valorização de R$ 72
milhões se deu por meio de
uma lei do Distrito Federal
aprovada em dezembro por
aliados de Roriz. A lei ampliou
a autorização para construção
no terreno e para a exploração
de atividades comerciais.
"O Gim realmente iniciou a
intermediação para a venda.
Daí não houve interesse do
comprador, e ele se afastou da
corretagem. Posteriormente,
sem intermediação dele, o terreno foi vendido." Questionado
se o negócio não ocorrera no
início porque Nenê Constantino não teria demonstrado interesse, Corrêa respondeu: "Não,
demonstrou. Mas aí a operação
não prosseguiu porque eles tinham que pagar uma corretagem, aí naturalmente procuraram "esfriar" a venda para o
Gim sair fora. Daí posteriormente foi consumada a venda
sem a participação dele". Acionada às 18h08, a assessoria da
Gol não respondeu à reportagem até a conclusão da edição.
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