São Paulo, sábado, 07 de julho de 2007

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Argello está ligado a fraude, diz Tuma

Advogado nega envolvimento do suplente de Roriz com esquema desmontado pela Operação Aquarela

Segundo Maurício Corrêa, Gim Argello realmente ofereceu terreno ao dono da Gol, mas não ganhou nada ao intermediar negociação

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), disse ter ouvido do juiz Roberval Belinati, da 1ª Vara Criminal do Distrito Federal, que há "comprometimento sério" de Gim Argello (PTB-DF), suplente do ex-senador Joaquim Roriz, com o esquema de desvio de R$ 50 milhões do BRB (banco oficial do Distrito Federal), revelado pela Operação Aquarela.
"O juiz me disse que há um comprometimento sério dele com a Operação Aquarela, e que assim que ele tomar posse no Senado enviará toda a documentação sobre seu caso para o Supremo Tribunal Federal", declarou o corregedor.
O Ministério Público e a Polícia Civil do Distrito Federal suspeitam que Argello tenha sido um dos destinatários da partilha de um cheque de R$ 2,23 milhões que teria sido entregue a Roriz por Nenê Constantino.
Nem Belinati nem Tuma disseram qual seria esse comprometimento. A única gravação que veio a público até agora é a de uma pessoa que participou da negociação do terreno e que diz a um interlocutor, em tom de piada: "Se a Polícia Federal baixar aqui agora, leva todo mundo. Tô eu, o Gim Argelo e o Nenê Constantino".
O advogado de Gim Argello, Maurício Corrêa, diz que seu cliente "nada tem a ver com a Operação Aquarela". "O que há é uma referência naquela gravação de um certo corretor falar no nome dele. Ele não tem nada a ver com a Operação Aquarela, tá fora disso".
Argello intermediou pelo menos parte da negociação para a venda do terreno de Brasília que se valorizou cerca de R$ 72 milhões em apenas um ano e que é alvo de investigação, disse o ex-ministro do STF Maurício Corrêa, que ressaltou que ele não recebeu porém "nenhum centavo" pela intermediação.
Argello ofereceu o terreno ao empresário Nenê Constantino, presidente do Conselho de Administração da empresa Gol.
Constantino demonstrou interesse, mas deixou a negociação "esfriar" com o objetivo de tirar Argello da negociação e se livrar do pagamento da corretagem, tendo fechado o negócio posteriormente, disse Corrêa.
O negócio em torno do terreno, de 80 mil m2, é investigado porque a valorização de R$ 72 milhões se deu por meio de uma lei do Distrito Federal aprovada em dezembro por aliados de Roriz. A lei ampliou a autorização para construção no terreno e para a exploração de atividades comerciais.
"O Gim realmente iniciou a intermediação para a venda. Daí não houve interesse do comprador, e ele se afastou da corretagem. Posteriormente, sem intermediação dele, o terreno foi vendido." Questionado se o negócio não ocorrera no início porque Nenê Constantino não teria demonstrado interesse, Corrêa respondeu: "Não, demonstrou. Mas aí a operação não prosseguiu porque eles tinham que pagar uma corretagem, aí naturalmente procuraram "esfriar" a venda para o Gim sair fora. Daí posteriormente foi consumada a venda sem a participação dele". Acionada às 18h08, a assessoria da Gol não respondeu à reportagem até a conclusão da edição.


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