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SOCORRO A BANCOS
Para Ministério Público, mudança em depoimento reforça tese de que diretora pode influenciar subordinados
Procuradoria insiste em afastar Grossi
ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério Público vai insistir
no afastamento da diretora de
Fiscalização do Banco Central,
Tereza Grossi Togni, por causa de
seu envolvimento no socorro ao
Banco Marka.
O socorro aos bancos Marka e
FonteCindam, em janeiro de 99,
causou um prejuízo aos cofres
público de R$ 1,6 bilhão. Grossi
era chefe interina do Departamento de Fiscalização do BC.
O principal argumento dos procuradores da República é a mudança do depoimento sobre o socorro feito pelo chefe do Departamento de Fiscalização Indireta do
BC, Vânio Aguiar.
No ano passado, o funcionário
do BC havia dado um depoimento à Polícia Federal em que contava poucos detalhes.
Dias atrás, Vânio Aguiar contou
uma história diferente à Justiça
Federal, num depoimento feito de
surpresa no Rio de Janeiro.
Para os procuradores que pretendem afastar Tereza Grossi da
diretoria de Fiscalização do Banco
Central, a mudança de versão do
funcionário do BC reforça a tese
de que a diretora poderá coagir
funcionários sob seu comando
para omitir informações em depoimentos à Justiça.
Processos anteriores
Na semana passada, o juiz Amilcar Machado, do TRF (Tribunal
Regional Federal) da 1ª Região,
decidiu derrubar a liminar que
afastava Tereza Grossi sustentando que os funcionários do BC já
depuseram em processos anteriores -e, portanto, iriam repetir
tudo novamente em uma nova
ação de improbidade administrativa.
Para os procuradores, a mudança no depoimento de Aguiar é um
sinal de que os funcionários do
BC têm ainda muita coisa a contar
e que, por isso, é necessário tirá-los da influência da diretora do
Banco Central.
Na época, o Ministério Público
chegou a cogitar a hipótese de
processar Vânio Aguiar por omissão de informações em depoimento.
Ponto obscuro
O ponto obscuro do depoimento do funcionário do Banco Central envolve as garantias da
BM&F (Bolsa de Mercadorias &
Futuros) que cobririam prejuízos
decorrentes da quebra de instituições financeiras.
Em depoimento dado à Justiça
Federal em 12 de julho passado,
Aguiar contou que um representante da BM&F, Antônio Carlos
Mendes Barbosa, disse que as garantias só poderiam ser usadas
para cobrir o prejuízo causado
pelo Marka caso essa instituição
financeira fosse liquidada.
Aguiar contou ainda que, além
do Marka, a BM&F seria obrigada
a solicitar a liquidação de outras
instituições financeiras, pois seria
desencadeado um efeito dominó
dentro da Bolsa.
Todas essas informações foram
omitidas em depoimento anterior
dado à Polícia Federal pelo próprio funcionário do BC, em maio
de 1999.
Durante o depoimento na Justiça, os procuradores notaram a
mudança de versão de Vânio
Aguiar e cobraram a omissão de
informações.
Situação "mais leve"
Aguiar disse que não contou nada antes porque não conhecia detalhes técnicos e que, "naquela
ocasião, a situação era mais leve
do que hoje".
Os procuradores pediram mais
explicações sobre o que seria essa
situação "mais leve".
"É que o processo penal hoje
implica uma situação de maiores
esclarecimentos de dúvidas que
tenham surgido de outros depoimentos", disse Aguiar.
A Folha procurou ontem Vânio
Aguiar em seu telefone residencial, mas não conseguiu localizá-lo.
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