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Comissão começa hoje a investigar acusações
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A comissão do Conselho de Ética encarregada de investigar denúncias contra o senador Jader
Barbalho (PMDB-PA) começa a
trabalhar hoje em meio a dúvidas
quanto ao caminho para se apurar se o presidente licenciado do
Senado quebrou ou não o decoro
parlamentar.
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (PFL-SP), que coordena a comissão, apresentará a fita
com a gravação da suposta conversa telefônica na qual o deputado estadual Mário Frota (PDT-AM) teria dito ao empresário David Banayon que Jader Barbalho
havia pedido um ""pedágio" de
US$ 5 milhões para liberar financiamento da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia).
Mas existem suspeitas de que a
fita foi montada e, se essa informação for comprovada, o deputado amazonense nem será convidado a depor, segundo os senadores encarregados da investigação.
O senador Jefferson Péres
(PDT-AM), integrante da comissão, propôs que Frota fosse o primeiro convidado a depor. ""Se a
perícia confirmar que a voz não é
do deputado, ele não precisa nem
ser ouvido", disse o próprio Péres.
Outra dificuldade da comissão
será apurar se Jader mentiu ao se
defender em plenário das acusações de ter se beneficiado dos desvios de recursos do Banpará
(Banco do Estado do Pará).
""Ele sempre foi muito cuidadoso ao falar sobre o assunto. Nos
discursos, sempre dizia que um
relatório do Banco Central o inocentava [se referindo a documento de 1992, assinado pelo então
presidente do BC, Francisco
Gros". Essa é uma meia verdade,
já que o documento existe. Mas
outro relatório do Banco Central
o incrimina. A quebra de decoro
tem muito de subjetividade.
Quem vai decidir isso são os senadores", afirmou Péres.
O caminho considerado mais
provável para acusar Jader de
quebra de decoro é verificar se ele
mentiu ao justificar a aquisição de
uma fazenda do empresário José
Osmar Borges, apontado pelo Ministério Público Federal como
sendo o maior fraudador da extinta Sudam. Para isso, basta
comparar discurso feito por ele
em 14 de abril e suas declarações
de renda, para verificar se o negócio foi lançado.
Para Péres, independentemente
das investigações, Jader não tem
condições de voltar à presidência
do Senado. Segundo o senador,
existe uma ""incompatibilidade"
entre o cargo e as acusações.
A comissão, formada por Tuma, Péres e João Alberto (PMDB-MA), tem um mês para apresentar parecer propondo processo
por quebra de decoro contra Jader ou arquivamento das denúncias. Se a comissão sugerir processo de cassação, o parecer será votado pelo conselho e submetido à
Mesa do Senado. Se acolher o parecer, a Mesa encaminhará representação ao próprio conselho.
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