São Paulo, terça-feira, 07 de agosto de 2001

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OUTRO LADO

Viva Rio nega existência de irregularidades

DA SUCURSAL DO RIO

O Viva Rio nega a existência de irregularidades ou falhas nas prestações de contas dos convênios com o município para aplicação do programa Telecurso 2000. O assessor administrativo-financeiro da organização, Henrique Vasconcellos, afirmou que alguns problemas apontados, como a não-comprovação de despesas, já foram esclarecidos.
Em outros casos, como a ausência de notas fiscais no valor de R$ 43.829,11, somando dois convênios, Vasconcellos disse não poder comentar -o relatório da auditoria, ao qual a Folha teve acesso, não detalha a que gastos se refere.
Na opinião do assessor, a quantia questionada (R$ 157 mil) é muito pequena, diante do repasse de R$ 9,9 milhões. ""Num país em que se fala de desvio de milhões de reais... E nunca houve questionamento do fim maior do programa [formação acelerada nos ensinos fundamental e médio"", disse Vasconcellos.
O diretor-executivo do movimento, antropólogo Rubem César Fernandes, disse que a aprovação das contas por auditorias do governo municipal anterior mostra que a gestão do programa do telecurso foi correta. Fernandes afirmou que o Viva Rio é vítima da antipatia do secretário municipal do Trabalho, o deputado estadual licenciado Carlos Dias (PPB). ""Ele é um senhor católico, ultraconservador, de índole radical anti-ONGs, anti-Viva Rio."
Dias, contudo, aprovou 11 prestações mensais do programa que lhe foram submetidas. A Auditoria Geral do município faz o levantamento de modo independente, investigando inclusive atos de secretários. ""O senhor Rubem César não é o Viva Rio, ele está ridicularizando a entidade diante da opinião pública", disse Dias.
Fernandes afirmou não haver conflito de interesses na contratação de uma empresa sua, a consultoria Antinomias, para o projeto (intitulado Programa de Aumento de Escolaridade): ""Eu botei gente para trabalhar. O Viva Rio não é órgão público, não faz licitação. Desenvolve produtos, idéias. Teve um custo o desenvolvimento da idéia. Quem estava desenvolvendo era eu mesmo, com um pessoal que eu juntei".
De 123 telessalas do último convênio, interrompido em janeiro pela Prefeitura do Rio, Fernandes diz que cerca de 118 continuaram funcionando, com o apoio da iniciativa privada. A educação e a qualificação de jovens de favelas são as principais atividades do Viva Rio, cujas receitas alcançaram R$ 14 milhões no ano 2000.
A Secretaria Municipal do Trabalho afirma estar reformulando o projeto. ""O secretário não vai fazer porque não tem know-how. Não tem relação com a Fundação Roberto Marinho, não vai conseguir dar continuidade ao programa", disse Fernandes.
A fundação é a dona do método Telecurso 2000. Sua consultora de Comunicação, Andrea Gouvêa Vieira, negou que a instituição saiba quantos livros e vídeos a Editora Globo vendeu para o programa do Viva Rio.
""A prefeitura denunciou esse convênio, mas a Fundação Roberto Marinho não é parte dele", afirmou. (MM)


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