São Paulo, terça-feira, 07 de agosto de 2001

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ELEIÇÕES

Proposta de imprimir comprovantes foi admitida pelo presidente do TSE, Nelson Jobim, que até ontem rejeitava a idéia

Em 2002, eleitor deverá ter recibo de voto

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Nelson Jobim, disse que o eleitor deverá ter o comprovante impresso do voto nas eleições de 2002, uma espécie de recibo escrito do voto.
Jobim vinha descartando essa hipótese até ontem.
A urna eletrônica, assim como o sistema informatizado de apuração, vinha sendo alvo de desconfiança, principalmente depois do escândalo da violação do painel eletrônico do Senado.
O ministro falou sobre a introdução do voto impresso nas eleições do ano que vem durante palestra ao Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). "Provavelmente chegaremos ao voto impresso nas próximas eleições", disse Jobim.
A alteração começou a ser discutida há meses a partir de um projeto de lei do senador Roberto Requião (PMDB-PR). O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, também vem fazendo pressões por mudanças.

Credibilidade
A Unicamp irá auditar o sistema informatizado de votação e de apuração, a pedido da Câmara do Senado e do próprio TSE. O tribunal encampou a idéia do Congresso por causa do risco de perda de credibilidade na urna eletrônica.
O voto impresso representará uma garantia ao eleitor de que ele votou em determinado candidato. Na forma admitida pelo ministro, a pessoa poderá imprimir o voto na hora em que concluir a digitação na urna eletrônica. Se constatar erro, avisará o mesário, que cancelará a votação realizada e conduzirá o eleitor a votar pelo sistema tradicional, de cédulas.
Nesse mecanismo em estudo pelo TSE, o eleitor não poderá levar consigo o registro impresso do voto. Se ele confirmar a votação, o papel cairá em um saco acoplado à máquina de votar. Jobim disse que a forma a ser adotada precisará afastar o risco de um grupo de eleitores realizar "terrorismo eleitoral", ou seja, simular fraude -diferença entre o que votou e os dados impressos- para impedir a contagem dos votos de algumas seções. O ministro disse que, se não for possível comprar uma impressora para cada uma das 322.290 seções eleitorais do país, pelo menos uma parte das urnas terá essa contraprova, o que já contribuiria para o controle das votações.
O cadastro da Justiça Eleitoral deverá ter 114 milhões de eleitores. Cada eleitor votará em seis candidatos: presidente da República, governador, deputado federal, deputado estadual e duas vagas de senador.
A urna eletrônica foi usada pela primeira vez em 1996. O TSE estima que, em 2002, o eleitor gastará em média um minuto e 15 segundos para votar.

Atraso
As seções com cerca de 500 eleitores poderão funcionar até as 19h, duas horas a mais que o horário normal de encerramento, por causa dessa demora.
O ministro sinalizou outras mudanças nas eleições gerais de 2002. Uma delas é a elevação das divisórias das cabines de votação para dar maior privacidade e reduzir a incidência de erros que ocorreriam em razão da pressa gerada pelo constrangimento do eleitor que estiver sendo observado por outras pessoas.
Também está em estudo a apresentação de duas telas na urna eletrônica no momento da votação para as vagas de senador, com o objetivo de evitar erro por parte do eleitor desatento.
(SILVANA DE FREITAS)



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