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REFORMA SOB PRESSÃO
João Paulo atribui depredação a "minorias histéricas"
Lula critica vandalismo, e Sarney condena desordem
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula
da Silva divulgou ontem, por
meio de seu porta-voz, André Singer, uma nota condenando a tentativa de invasão e as depredações
no Congresso Nacional. A nota
diz que o ato é "irresponsável" e
foi cometido por vândalos.
Os presidentes do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), e da Câmara,
João Paulo Cunha (PT-SP), também condenaram o incidente de
ontem. Para Sarney, o episódio feriu a "casa do povo". Para João
Paulo, foi um ato de "minorias
histéricas e descontroladas".
A nota divulgada pelo porta-voz
diz que "o Parlamento conta com
o apoio do Poder Executivo, no
momento em que é alvo de vandalismo gratuito e irresponsável".
Afirma ainda que "qualquer tentativa de uso da violência, sobretudo contra um dos Poderes que
sustentam a democracia, precisa
ser rechaçada com vigor".
"A Presidência da República está segura de que os funcionários
públicos, no uso do direito constitucional de manifestação, não se
identificam com os atos de uns
poucos inconscientes da necessidade de preservar as instituições
por cuja integridade lutou-se tanto no Brasil", conclui a nota.
Segundo João Paulo, a tentativa
de "invasão" e "violação" do prédio partiu de "minorias histéricas
e descontroladas". O petista elogiou a ação dos seguranças da Casa e recebeu a solidariedade dos líderes dos demais partidos, inclusive os da oposição.
João Paulo afirmou que será
sempre um "guardião" do direito
de livre manifestação, mas que o
ato de ontem é "intolerável e antidemocrático", praticado por manifestantes "desgarrados": "Esse
Poder não se calou diante das
baionetas nem das ditaduras e
sempre buscou a democracia e a
garantia da liberdade. Esse Poder
não se calará ante minorias, muitas vezes histéricas e descontroladas, que nos jogam pedras à guisa
de sensatez e de argumentos".
Os ataques contra a sede do Legislativo levaram o senador José
Sarney, presidente do Congresso,
a alertar para os riscos à democracia e fazer um apelo à moderação,
ao diálogo e à paz política. Em discurso, Sarney afirmou que o apedrejamento, que resultou em vidraças quebradas, mostram a
"vulnerabilidade" das instalações
do Congresso.
"Quero fazer uma exortação à
pacificação dos ânimos, à discussão democrática de nossas divergências. Este é um poder desarmado. Muitas vezes foi vitimado
pela violência institucional, não
pode ser atingido pela insensatez.
Sem Congresso, não há democracia. Sem democracia, não há liberdade. Sem liberdade, o cidadão
não existe. Quando a liberdade é
desordem, as instituições se desmoronam", disse o presidente.
Segundo Sarney, ferir o Congresso é ferir a "casa do povo",
por meio da qual a população
conquistou e conquista seus direitos fundamentais. "Peço a todos
os parlamentares um esforço à
moderação, ao diálogo, à paz política. Nunca a exacerbação foi boa
conselheira nem solução para nada. Lamento os episódios desta
tarde e [espero] que suas cicatrizes não perturbem a tranquilidade do país e nossa caminhada".
O líder do governo, Aloizio
Mercadante (PT-SP), também
condenou o comportamento dos
manifestantes. "Temos de repudiar a atitude. Não existe Estados
de Direito nem liberdade se não
tivermos um parlamento livre e
independente. O voto é a expressão da maioria. Uma minoria que
hoje agride o parlamento, quebra
a vidraça e acha que essa atitude
pode intimidar os que aqui chegaram, está enganada", disse.
Assim como Sarney, o líder do
PMDB, senador Renan Calheiros
(AL), afirmou que a ""exacerbação
verificada" ameaça a democracia.
"A democratização do país nos
custou muito caro. Não podemos
admitir atos que a atinjam", disse.
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