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São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2003

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REFORMA SOB PRESSÃO

João Paulo atribui depredação a "minorias histéricas"

Lula critica vandalismo, e Sarney condena desordem

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou ontem, por meio de seu porta-voz, André Singer, uma nota condenando a tentativa de invasão e as depredações no Congresso Nacional. A nota diz que o ato é "irresponsável" e foi cometido por vândalos.
Os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), também condenaram o incidente de ontem. Para Sarney, o episódio feriu a "casa do povo". Para João Paulo, foi um ato de "minorias histéricas e descontroladas".
A nota divulgada pelo porta-voz diz que "o Parlamento conta com o apoio do Poder Executivo, no momento em que é alvo de vandalismo gratuito e irresponsável". Afirma ainda que "qualquer tentativa de uso da violência, sobretudo contra um dos Poderes que sustentam a democracia, precisa ser rechaçada com vigor".
"A Presidência da República está segura de que os funcionários públicos, no uso do direito constitucional de manifestação, não se identificam com os atos de uns poucos inconscientes da necessidade de preservar as instituições por cuja integridade lutou-se tanto no Brasil", conclui a nota.
Segundo João Paulo, a tentativa de "invasão" e "violação" do prédio partiu de "minorias histéricas e descontroladas". O petista elogiou a ação dos seguranças da Casa e recebeu a solidariedade dos líderes dos demais partidos, inclusive os da oposição.
João Paulo afirmou que será sempre um "guardião" do direito de livre manifestação, mas que o ato de ontem é "intolerável e antidemocrático", praticado por manifestantes "desgarrados": "Esse Poder não se calou diante das baionetas nem das ditaduras e sempre buscou a democracia e a garantia da liberdade. Esse Poder não se calará ante minorias, muitas vezes histéricas e descontroladas, que nos jogam pedras à guisa de sensatez e de argumentos".
Os ataques contra a sede do Legislativo levaram o senador José Sarney, presidente do Congresso, a alertar para os riscos à democracia e fazer um apelo à moderação, ao diálogo e à paz política. Em discurso, Sarney afirmou que o apedrejamento, que resultou em vidraças quebradas, mostram a "vulnerabilidade" das instalações do Congresso.
"Quero fazer uma exortação à pacificação dos ânimos, à discussão democrática de nossas divergências. Este é um poder desarmado. Muitas vezes foi vitimado pela violência institucional, não pode ser atingido pela insensatez. Sem Congresso, não há democracia. Sem democracia, não há liberdade. Sem liberdade, o cidadão não existe. Quando a liberdade é desordem, as instituições se desmoronam", disse o presidente.
Segundo Sarney, ferir o Congresso é ferir a "casa do povo", por meio da qual a população conquistou e conquista seus direitos fundamentais. "Peço a todos os parlamentares um esforço à moderação, ao diálogo, à paz política. Nunca a exacerbação foi boa conselheira nem solução para nada. Lamento os episódios desta tarde e [espero] que suas cicatrizes não perturbem a tranquilidade do país e nossa caminhada".
O líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), também condenou o comportamento dos manifestantes. "Temos de repudiar a atitude. Não existe Estados de Direito nem liberdade se não tivermos um parlamento livre e independente. O voto é a expressão da maioria. Uma minoria que hoje agride o parlamento, quebra a vidraça e acha que essa atitude pode intimidar os que aqui chegaram, está enganada", disse.
Assim como Sarney, o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), afirmou que a ""exacerbação verificada" ameaça a democracia. "A democratização do país nos custou muito caro. Não podemos admitir atos que a atinjam", disse.


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