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CRISE DOS MUNICÍPIOS
Ato está previsto para 10 de setembro e visa pressionar o governo por maior participação no bolo tributário
Prefeitos articulam protesto em Brasília
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Cerca de 20 associações estaduais de municípios aprovaram
ontem a realização de uma marcha no dia 10 de setembro, em
Brasília, para pressionar o governo federal e o Congresso por uma
maior participação dos municípios na divisão do bolo tributário
por meio da reforma.
Os prefeitos reivindicam uma
participação de 20% na arrecadação total da União, segundo o presidente da CNM (Confederação
Nacional de Municípios), Paulo
Ziulkoski (PMDB), prefeito de
Mariana Pimentel (RS).
Atualmente, os municípios ficam com 13,8% do total arrecadado. "Temos um mês para negociar com o Executivo e com o
Congresso", informou Ziulkoski.
"Pode ser maior participação no
IPVA, por exemplo, nas contribuições do governo, o importante
é restabelecer o fluxo."
A CNM conta com cerca de
2.000 prefeituras filiadas em todo
o território nacional e lidera a manifestação dos prefeitos.
A idéia da confederação é mobilizar também os conselhos municipais e as lideranças comunitárias locais nas cidades, como forma de aprofundar a pressão pelas
mudanças.
"Não é um movimento só de
prefeitos", afirmou Ziulkoski.
Portas fechadas
Sem dinheiro em caixa para pagar funcionários e fornecedores, a
Prefeitura de Coração de Maria
(104 km de Salvador, na Bahia)
suspendeu ontem todas as suas
atividades, exceto os serviços de
limpeza urbana e saúde. Pela manhã, o prefeito anunciou a demissão de 120 pessoas -25% do total
de prestadores de serviços.
"Não teve jeito, a não ser demitir. Sei que vai acontecer uma verdadeira convulsão social na cidade, já que a prefeitura é a maior
empregadora, e os funcionários
necessitam do pouco que ganham", disse o prefeito Francisco
Marques (PL).
Na entrada da prefeitura, o prefeito mandou colocar um cartaz
explicando os motivos da paralisação. "Não temos sequer um
centavo nos cofres."
De acordo com Marques, nos
últimos quatro meses o repasse
do FPM (Fundo de Participação
dos Municípios) teve uma queda
de 42%.
"A cidade está ingovernável. Tenho vergonha de sair nas ruas e
receber cobranças de todos os lados", disse Marques.
O presidente da União dos Municípios da Bahia, Alberto Muniz,
afirmou que outras 12 prefeituras
decidiram suspender suas atividades hoje, em protesto contra a
queda nos repasses federais e estaduais. "Também vamos realizar
uma assembléia com todos os
prefeitos para que possamos tomar uma decisão conjunta."
De acordo com Muniz, duas
propostas são consensuais: a paralisação das prefeituras por 24
horas e a demissão de 10% de todos os prestadores de serviços, o
que representa um contingente
de 40 mil pessoas.
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