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São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2003

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CRISE DOS MUNICÍPIOS

Ato está previsto para 10 de setembro e visa pressionar o governo por maior participação no bolo tributário

Prefeitos articulam protesto em Brasília

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Cerca de 20 associações estaduais de municípios aprovaram ontem a realização de uma marcha no dia 10 de setembro, em Brasília, para pressionar o governo federal e o Congresso por uma maior participação dos municípios na divisão do bolo tributário por meio da reforma.
Os prefeitos reivindicam uma participação de 20% na arrecadação total da União, segundo o presidente da CNM (Confederação Nacional de Municípios), Paulo Ziulkoski (PMDB), prefeito de Mariana Pimentel (RS).
Atualmente, os municípios ficam com 13,8% do total arrecadado. "Temos um mês para negociar com o Executivo e com o Congresso", informou Ziulkoski. "Pode ser maior participação no IPVA, por exemplo, nas contribuições do governo, o importante é restabelecer o fluxo."
A CNM conta com cerca de 2.000 prefeituras filiadas em todo o território nacional e lidera a manifestação dos prefeitos.
A idéia da confederação é mobilizar também os conselhos municipais e as lideranças comunitárias locais nas cidades, como forma de aprofundar a pressão pelas mudanças.
"Não é um movimento só de prefeitos", afirmou Ziulkoski.

Portas fechadas
Sem dinheiro em caixa para pagar funcionários e fornecedores, a Prefeitura de Coração de Maria (104 km de Salvador, na Bahia) suspendeu ontem todas as suas atividades, exceto os serviços de limpeza urbana e saúde. Pela manhã, o prefeito anunciou a demissão de 120 pessoas -25% do total de prestadores de serviços.
"Não teve jeito, a não ser demitir. Sei que vai acontecer uma verdadeira convulsão social na cidade, já que a prefeitura é a maior empregadora, e os funcionários necessitam do pouco que ganham", disse o prefeito Francisco Marques (PL).
Na entrada da prefeitura, o prefeito mandou colocar um cartaz explicando os motivos da paralisação. "Não temos sequer um centavo nos cofres."
De acordo com Marques, nos últimos quatro meses o repasse do FPM (Fundo de Participação dos Municípios) teve uma queda de 42%.
"A cidade está ingovernável. Tenho vergonha de sair nas ruas e receber cobranças de todos os lados", disse Marques.
O presidente da União dos Municípios da Bahia, Alberto Muniz, afirmou que outras 12 prefeituras decidiram suspender suas atividades hoje, em protesto contra a queda nos repasses federais e estaduais. "Também vamos realizar uma assembléia com todos os prefeitos para que possamos tomar uma decisão conjunta."
De acordo com Muniz, duas propostas são consensuais: a paralisação das prefeituras por 24 horas e a demissão de 10% de todos os prestadores de serviços, o que representa um contingente de 40 mil pessoas.


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