UOL

São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TENSÃO NO CAMPO

Invasões ocorrem depois da morte de sem-terra; UDR diz que áreas são produtivas e têm plantação

Sem-terra invadem 2 fazendas no Paraná

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu ontem duas fazendas no noroeste do Paraná. As invasões acontecem depois da morte do líder sem-terra Francisco Nascimento de Souza, 27, o "Zebu", que os sem-terra atribuem a fazendeiros do noroeste do Estado.
Líder do MST em Mariluz (600 km a noroeste de Curitiba), Souza foi achado morto na manhã da última segunda- feira, com oito tiros no corpo. Segundo laudo pericial, ele recebeu tiros de duas armas diferentes, uma pistola 9 milímetros e um revólver calibre 38.
A primeira fazenda a ser invadida ontem foi a Água da Prata, em Querência do Norte (657 km a noroeste de Curitiba), de propriedade de Wilson Ferreira Duarte. É a quinta vez, desde 1997, que o MST invade a propriedade. Em novembro de 2000, na última invasão, o líder regional do MST, Sebastião da Maia, foi morto em uma emboscada. A fazenda, de 1.100 hectares, foi invadida por 600 famílias.
A outra invasão ocorreu em Paranapoema, município no extremo noroeste do Paraná e próximo à região do Pontal do Paranapanema. Segundo o MST, 600 famílias (cerca de 2.400 pessoas) invadiram a fazenda Santa Terezinha, de propriedade de Alexandre Mayhara, de Presidente Prudente (SP). Outras 400 famílias deveriam chegar à fazenda ontem.
Ontem, a UDR (União Democrática Ruralista) Noroeste do Paraná informou que os proprietários já preparavam processos para reintegração de posse. Segundo Marcos Prochet, 44, presidente da entidade na região, as fazendas são produtivas e estão com plantios de inverno e milho safrinha.

Lista negra
O secretário do Trabalho e Ação Social do Paraná, padre Roque Zimermann, disse que Francisco Nascimento de Souza era o "primeiro de uma lista de líderes marcados para morrer". "Souza foi morto a mando do latifúndio ou de alguém que quer polemizar ainda mais a questão agrária no Paraná", afirmou.
A afirmação de padre Roque vai contra declarações do delegado regional da Polícia Civil de Cruzeiro do Oeste, Roberto Aparecido Penteado, que investiga o caso. Penteado descartou anteontem a hipótese de o crime ter sido praticado a mando de fazendeiros.
Candidato derrotado do PT ao governo do Paraná, padre Roque foi colocado na presidência da Comissão de Mediação de Conflitos Agrários pelo governador Requião. Ele deu entrevista como presidente da Comissão e não como secretário. Segundo ele, a lista não foi divulgada antes porque "chegou anônima e não existia a intenção de alimentar mais conflitos no campo".


Texto Anterior: Agenda social: Unificação de ações sociais segue indefinida
Próximo Texto: UDR repudia declarações de padre Roque
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.