|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TENSÃO NO CAMPO
Invasões ocorrem depois da morte de sem-terra; UDR diz que áreas são produtivas e têm plantação
Sem-terra invadem 2 fazendas no Paraná
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu ontem duas fazendas no noroeste do Paraná. As invasões
acontecem depois da morte do líder sem-terra Francisco Nascimento de Souza, 27, o "Zebu",
que os sem-terra atribuem a fazendeiros do noroeste do Estado.
Líder do MST em Mariluz (600
km a noroeste de Curitiba), Souza
foi achado morto na manhã da última segunda- feira, com oito tiros no corpo. Segundo laudo pericial, ele recebeu tiros de duas armas diferentes, uma pistola 9 milímetros e um revólver calibre 38.
A primeira fazenda a ser invadida ontem foi a Água da Prata, em
Querência do Norte (657 km a noroeste de Curitiba), de propriedade de Wilson Ferreira Duarte. É a
quinta vez, desde 1997, que o MST
invade a propriedade. Em novembro de 2000, na última invasão, o líder regional do MST, Sebastião da Maia, foi morto em
uma emboscada. A fazenda, de
1.100 hectares, foi invadida por
600 famílias.
A outra invasão ocorreu em Paranapoema, município no extremo noroeste do Paraná e próximo
à região do Pontal do Paranapanema. Segundo o MST, 600 famílias (cerca de 2.400 pessoas) invadiram a fazenda Santa Terezinha,
de propriedade de Alexandre
Mayhara, de Presidente Prudente
(SP). Outras 400 famílias deveriam chegar à fazenda ontem.
Ontem, a UDR (União Democrática Ruralista) Noroeste do Paraná informou que os proprietários já preparavam processos para reintegração de posse. Segundo
Marcos Prochet, 44, presidente da
entidade na região, as fazendas
são produtivas e estão com plantios de inverno e milho safrinha.
Lista negra
O secretário do Trabalho e Ação
Social do Paraná, padre Roque Zimermann, disse que Francisco
Nascimento de Souza era o "primeiro de uma lista de líderes marcados para morrer". "Souza foi
morto a mando do latifúndio ou
de alguém que quer polemizar
ainda mais a questão agrária no
Paraná", afirmou.
A afirmação de padre Roque vai
contra declarações do delegado
regional da Polícia Civil de Cruzeiro do Oeste, Roberto Aparecido Penteado, que investiga o caso.
Penteado descartou anteontem a
hipótese de o crime ter sido praticado a mando de fazendeiros.
Candidato derrotado do PT ao
governo do Paraná, padre Roque
foi colocado na presidência da
Comissão de Mediação de Conflitos Agrários pelo governador Requião. Ele deu entrevista como
presidente da Comissão e não como secretário. Segundo ele, a lista
não foi divulgada antes porque
"chegou anônima e não existia a
intenção de alimentar mais conflitos no campo".
Texto Anterior: Agenda social: Unificação de ações sociais segue indefinida Próximo Texto: UDR repudia declarações de padre Roque Índice
|