São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Se mexer, piora

O desgaste de Tarso Genro, na esteira da Operação Satiagraha e de sua estabanada refrega com os militares, já produz sintomas até na bancada do PT.
Alguns deputados próximos ao titular da Justiça tentaram recrutar colegas para reunião ontem com o ministro -formalmente, tratariam de grampos e outros temas da pasta; na prática, seria uma demonstração de solidariedade. Na undécima hora, porém, os próprios organizadores recuaram, temendo que o evento transmitisse a idéia de um confronto PT x PF. Isso para não falar na falta de quórum. Deputados incomodados com as movimentações de Tarso para torpedear a candidatura presidencial de Dilma Rousseff sinalizaram que simplesmente não iriam aparecer.



Churrasco 1. Parecer de quem conhece tanto Lula quanto Nelson Jobim: o ministro da Defesa não teria partido para cima de Tarso de forma tão desabrida, no episódio dos militares, sem o sinal verde do presidente.

Churrasco 2. Aliados de Tarso explicam que, ao desenterrar o tema da tortura, o ministro da Justiça pretendeu fazer um aceno à esquerda petista, em mais um movimento para se posicionar no tabuleiro da sucessão de Lula.

Explique-se. Em ofício datado de 2 de abril, o juiz substituto da 6ª Vara Criminal Federal, Márcio Rached Millani, determinou que o delegado da PF Protógenes Queiroz se justificasse sobre a análise de contas de e-mail grampeadas na Operação Satiagraha, "já que o relatório anterior não indicou nenhum elemento quanto ao monitoramento".

Geral e irrestrito 1. Em seus despachos às operadoras de telefonia, o juiz federal Fausto De Sanctis avaliza o pedido de Protógenes para que os grampos sejam ampliados "a outras linhas" que funcionariam no mesmo aparelho de celular. E alerta: "mesmo com troca de chip".

Geral e irrestrito 2. A TIM chegou a questionar o Judiciário sobre se a quebra dos sigilos encaminhada a Protógenes deveria abranger "o período da interceptação vigente" ou "indeterminado".

Geral e irrestrito 3. Em um dos ofícios à TIM, datado do dia 3 de março, Protógenes faz um pedido especial ao solicitar fornecimento em tempo real dos extratos das chamadas telefônicas: "mesmo depois de 48 horas da ligação e sem necessidade de ofício".

Olheiro. A convite do corintiano Lula, Vanderlei Luxemburgo visitou recentemente o Alvorada. O técnico do Palmeiras, que tem em sua equipe de auxiliares um dos filhos do presidente, Luiz Cláudio, pernoitou no palácio.

Briga boa 1. O governo decidiu jogar pesado para manter no Senado o texto da Lei do Gás. A proposta resguarda a participação da Petrobras na distribuição do gás natural. Já o parecer de Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) na CCJ mantém o monopólio das distribuidoras estaduais.

Briga boa 2. O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) ouviu do governador Paulo Hartung (PMDB-ES) que os Estados produtores tendem a apoiar o parecer de Jarbas, o que acaba com a polarização governo x oposição e torna a votação imprevisível.

Básico. Pergunta do jornalista Milton Jung, da rádio CBN, ao iniciar ontem entrevista com Edmilson Costa, candidato a prefeito de São Paulo pelo nanico PCB: "Bom dia. Quem é o senhor?".

Não me deixe... A bancada petista na Assembléia Legislativa gaúcha e o Ministério Público estadual avaliam que as declarações do empresário Lair Ferst, envolvendo a governadora Yeda Crusius (PSDB) no caso das fraudes no Detran, são mais do que tudo um recado à tucana.

...só. Arrecadador da campanha de Yeda ao governo, Ferst teve os bens bloqueados pela Justiça e acabou queimado tanto no meio empresarial, onde antes tinha trânsito, quanto no político.

com VERA MAGALHÃES e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"Após dizer que só uma minoria tem segurança jurídica no país, Protógenes recorreu ao STF para não depor na CPI. Quando teve de ir, se esquivou de responder o que lhe perguntaram."

Do deputado PAULO TEIXEIRA (PT-SP), sobre os esforços do delegado que deflagrou a Operação Satiagraha para não falar à CPI do Grampo.

Contraponto

Último a saber

Deputados assistiam ao "JN" no plenário da Câmara, quando Ciro Gomes (PSB-CE) chegou, todo animado, comandando enquete sobre quem seria o assassino da novela "A Favorita", a ser revelado logo em seguida. O deputado excluía de antemão a personagem Flora, interpretada por sua mulher, Patrícia Pillar:
-Foi a Donatela ou o Silveirinha?
Marcelo Ortiz (PV-SP) resolveu apostar:
-Eu acho que foi a Flora!
Fingindo indignação, Ciro emendou, de bom humor:
-Não admito que chamem minha mulher de assassina!
Pouco depois, a revelação: a culpada era mesmo Flora.


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