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GOVERNO
Pefelistas avaliam que Tápias é mais do que mera substituição
Preferido de Malan era o
ministro da Agricultura
RUI NOGUEIRA
Secretário de Redação da Sucursal de Brasília
O governo conseguiu o que
queria: escolher rapidamente o
nome do substituto de Clóvis
Carvalho. Malan não: ele queria
emplacar o seu preferido, Pratini
de Moraes (Agricultura).
Pefelistas, em conversas reservadas, já avaliavam que o nome
de Alcides Tápias é poderoso o
bastante para ser interpretado como algo mais que uma substituição de Clóvis. Na opinião deles,
FHC tem agora Armínio Fraga e
Tápias à mão -na hipótese de
Malan voltar a pedir demissão.
Por tudo isso, a necessidade do
Planalto e o desejo da Fazenda
não conseguiram apagar o rastro
de ministério-encrenca que a pasta do Desenvolvimento ganhou
desde que o governo anunciou a
intenção de criá-la, ainda em 98.
Já defenestrou dois ministros,
Celso Lafer e Clóvis Carvalho,
sem esquecer que o ungido para o
cargo, Luiz Carlos Mendonça de
Barros, foi ex sem ter sido. E
transformou-se nesses oito meses
do segundo mandato de FHC numa peça de marketing.
Foi assim, aliás, que ele nasceu.
Assustados com as crises na Ásia
e na Rússia, os tucanos entraram
na reta final da campanha da reeleição prometendo mundos e
fundos. E inventaram o discurso
do "desenvolvimentismo".
Enquanto esse discurso animava o circo da campanha, nas tensas reuniões da equipe econômica
acertava-se uma ida ao FMI (Fundo Monetário Internacional) para
definir o figurino do -se levado a
sério- mais importante ajuste
fiscal já pensado para o país.
Passada a reeleição e com FHC
livre da necessidade de se submeter a grandes pirotecnias em nome da popularidade, embora isso
preocupe, prevaleceu a linha de
Malan de que nada deve atrapalhar o ajuste. O problema é que
tucanos e afins transformaram o
"desenvolvimentismo" em munição e o ministério em trincheira.
Sendo assim, o problema não
está no nome escolhido. Está na
quase impossibilidade de administrar o dia-a-dia do Ministério
do Desenvolvimento e, ao mesmo
tempo, fugir de choques com a
equipe de Malan. Motivo: tudo,
por menor que seja, se choca com
a estratégia de arrocho.
Qual será a mágica de Tápias
para lidar com esse dia-a-dia? Ou
é muito conciliador, ou é muito
amigo de FHC e vai falar direto
com o chefe. Ou, em breve, será a
nova dor de cabeça de Malan.
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