São Paulo, Terça-feira, 07 de Setembro de 1999
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GOVERNO
Pefelistas avaliam que Tápias é mais do que mera substituição
Preferido de Malan era o ministro da Agricultura

RUI NOGUEIRA
Secretário de Redação da Sucursal de Brasília

O governo conseguiu o que queria: escolher rapidamente o nome do substituto de Clóvis Carvalho. Malan não: ele queria emplacar o seu preferido, Pratini de Moraes (Agricultura).
Pefelistas, em conversas reservadas, já avaliavam que o nome de Alcides Tápias é poderoso o bastante para ser interpretado como algo mais que uma substituição de Clóvis. Na opinião deles, FHC tem agora Armínio Fraga e Tápias à mão -na hipótese de Malan voltar a pedir demissão.
Por tudo isso, a necessidade do Planalto e o desejo da Fazenda não conseguiram apagar o rastro de ministério-encrenca que a pasta do Desenvolvimento ganhou desde que o governo anunciou a intenção de criá-la, ainda em 98.
Já defenestrou dois ministros, Celso Lafer e Clóvis Carvalho, sem esquecer que o ungido para o cargo, Luiz Carlos Mendonça de Barros, foi ex sem ter sido. E transformou-se nesses oito meses do segundo mandato de FHC numa peça de marketing.
Foi assim, aliás, que ele nasceu. Assustados com as crises na Ásia e na Rússia, os tucanos entraram na reta final da campanha da reeleição prometendo mundos e fundos. E inventaram o discurso do "desenvolvimentismo".
Enquanto esse discurso animava o circo da campanha, nas tensas reuniões da equipe econômica acertava-se uma ida ao FMI (Fundo Monetário Internacional) para definir o figurino do -se levado a sério- mais importante ajuste fiscal já pensado para o país.
Passada a reeleição e com FHC livre da necessidade de se submeter a grandes pirotecnias em nome da popularidade, embora isso preocupe, prevaleceu a linha de Malan de que nada deve atrapalhar o ajuste. O problema é que tucanos e afins transformaram o "desenvolvimentismo" em munição e o ministério em trincheira.
Sendo assim, o problema não está no nome escolhido. Está na quase impossibilidade de administrar o dia-a-dia do Ministério do Desenvolvimento e, ao mesmo tempo, fugir de choques com a equipe de Malan. Motivo: tudo, por menor que seja, se choca com a estratégia de arrocho.
Qual será a mágica de Tápias para lidar com esse dia-a-dia? Ou é muito conciliador, ou é muito amigo de FHC e vai falar direto com o chefe. Ou, em breve, será a nova dor de cabeça de Malan.



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