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Fiesp espera "canal de discussão"
da Reportagem Local
e da Sucursal de Brasília
"A escolha do empresário Alcides Tápias para ministro do Desenvolvimento abrirá para a indústria um grande canal de discussão", disse o presidente da
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo), Horácio
Lafer Piva. Segundo Piva, Tápias
sempre foi um bom interlocutor
com a indústria e tem uma grande compreensão das dificuldades
do setor e pode atuar de forma
mais afirmativa.
"Eu respeito muito a capacidade de operação de Tápias", disse
Piva. Segundo ele, "muita gente
vai procurar ligá-lo ao setor financeiro, mas é um erro ressaltar
apenas o perfil de Tápias como
banqueiro (ex-presidente da Febraban)".
Ainda segundo Piva, também
não procede a visão de que Clóvis
Carvalho era um representante
do empresariado paulista. "O ex-ministro tinha muitos amigos na
indústria paulista, mas já fazia algum tempo que estava fora dessa
atividade. Ele ficou enclausurado
no governo. O Tápias tem circulado muito entre os industriais,
conhece as inquietações do setor", disse.
"Queremos participar da discussão sobre a política econômica e o importante é o governo
conseguir coesão. A questão tem
que ir além da polêmica sobre desenvolvimento versus estabilidade", afirmou.
Para o presidente nacional da
CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva,
"Alcides Tápias entra para dar
continuidade à política do (ministro Pedro) Malan". "Clóvis
Carvalho, pelo menos, falou a
verdade quando fez críticas ao
ministro", disse Vicentinho.
Para o presidente do Simpi
(Sindicato da Micro e Pequena
Indústria), Joseph Couri, Alcides
Tápias "reúne todas as qualidades" para ter um bom desempenho no Desenvolvimento.
"Ele (Tápias) conhece o mundo
empresarial, foi do sistema financeiro e entende a lógica de Brasília porque foi dirigente da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos). Além disso,
tem o perfil de um emérito negociador e não deve partir para o
confronto com outros ministros", disse.
Lideranças da oposição avaliam
que a ida de Alcides Tápias para o
ministério do Desenvolvimento é
um sinal de que nada mudará na
política econômica do governo.
"A escolha significa a continuidade da intocável política do Malan, ou seja, vai representar o
aprofundamento do atual modelo econômico que está levando o
país para um impasse", disse o líder do PT na Câmara, José Genoino (SP).
Na avaliação do presidente nacional do PT, José Dirceu, a escolha de Tápias "não é uma boa notícia", revela que o governo não
obteve acordo em sua base de
sustentação para encontrar um
nome e mostra que o ministério é
"uma pasta esvaziada".
Genoino também criticou o fato de Alcides Tápias ter atuado na
área financeira. "Ele vem do setor
(o dos bancos) que mais lucrou
no governo FHC. Sua nomeação
é coerente com os rumos desse
governo", disse.
Na opinião de José Dirceu, o
ministério do Desenvolvimento
"virou um peso para o governo".
Reação no Congresso
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA),
mandou dizer por meio da assessoria que não comentaria a indicação. Um dia antes, ACM havia
dito que o presidente Fernando
Henrique Cardoso deveria esperar mais para escolher um nome
com o perfil ideal para o cargo.
O presidente do PMDB, senador Jader Barbalho (PA), foi irônico. "Não o conheço, mas desejo
boa sorte, para ver se o ministério
vinga e diz a que veio, porque até
agora não se justificou", disse.
"Não acho nada. Tomara que dê
certo. É um nome conceituado",
disse o líder do PMDB na Câmara,
Geddel Vieira Lima (BA).
O senador Roberto Requião
(PMDB-PR) afirmou que a escolha foi uma "loucura". Requião
lembrou que o Bradesco, do qual
Tápias foi vice-presidente, apareceu na CPI dos Precatórios como
comprador final de títulos emitidos irregularmente. As acusações
contra o banco, levantadas na
CPI, não foram comprovadas.
O senador Pedro Simon
(PMDB-RS), autor de um discurso a favor da demissão de Clóvis
Carvalho, na semana passada,
afirmou que a indicação de Tápias é uma "brincadeira".
"Ele representa os bancos e as
empreiteiras, os dois setores mais
odiados do país, além do político", disse Simon.
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