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SUCESSÃO NO ESCURO
Governador cearense aproveitou encontro em Goiânia para articular apoio de dirigentes tucanos
Tasso aglutina oposição a Serra no PSDB
OTÁVIO CABRAL
RAYMUNDO COSTA
ENVIADOS ESPECIAIS A GOIÂNIA
A surpreendente exposição do
ministro da Saúde, José Serra, como candidato à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso durante a reunião dos tucanos
realizada anteontem em Goiânia
alterou a tática de todos os seus
eventuais adversários no PSDB.
Paulo Renato, ministro da Educação, passou a admitir claramente que planeja disputar o Senado,
e Pimenta da Veiga (Comunicações), que quer o governo de Minas. Mas os dois têm outra coisa
em comum: passaram a apoiar a
candidatura de Tasso Jereissati,
governador do Ceará. Tasso, por
sua vez, intensificou sua campanha para conseguir a vaga e decidiu que não abre mão da pré-candidatura para apoiar Serra.
"Não tem acordo, vou até o
fim", declarou Tasso a um interlocutor. O fim, para ele, é março ou
abril, quando ele acredita que será
definido o nome do candidato do
PSDB. Segundo um líder tucano
que também está de olho na vaga,
"ele não jogou a toalha".
Anteontem, enquanto o ministro da Saúde delineava para os
principais líderes tucanos as linhas gerais do que seria seu programa de governo, Tasso discretamente movia-se nos bastidores.
Conversou com Marcello Alencar, ex-governador do Rio, Marconi Perillo e Almir Gabriel, governadores de Goiás e do Pará, e
sussurrou com José Aníbal, presidente do PSDB, que recebeu o papel de testamenteiro da herança
política do governador Mário Covas, que morreu em março.
Os aliados de Tasso crêem que
sua estratégia deu certo. Dos seis
governadores tucanos, Tasso afirma contar com o apoio de cinco: a
exceção é Geraldo Alckmin (SP).
Em todas as conversas que vem
tendo com tucanos, Tasso afirma
que sempre foi apoiado por Covas. Na reunião de Goiânia e em
articulações paulistas, a família de
Covas de fato continua trabalhando pela candidatura de Tasso.
O governador do Ceará quer intensificar o discurso de que é o
candidato que une o PSDB. "Se o
Tasso for candidato, todo o partido irá se envolver na campanha.
Já o Serra carrega muitas restrições nas bases", avalia um governador do partido, antecipando o
discurso a ser usado por Tasso.
As restrições ao ministro da
Saúde não são pessoais, técnicas
nem morais: alguns tucanos
acham Serra um candidato pesado de carregar, sem carisma nem
cancha de campanha. Em 1994, a
avaliação sobre Fernando Henrique Cardoso no PSDB era a mesma. A diferença foi o Plano Real.
O governador do Ceará decidiu
intensificar suas visitas aos Estados em busca de apoio de dirigentes regionais, que ele acredita que
serão essenciais na definição do
candidato. "Se ele mostrar ao presidente Fernando Henrique que
tem a maioria dos diretórios a seu
lado, vai ser difícil impedir sua
candidatura", afirma um tassista.
Tasso aposta que o crescimento
de duas outras candidaturas presidenciais possa auxiliá-lo. A primeira é a da governadora Roseana Sarney (PFL-MA). O governador do Ceará é muito ligado ao
PFL e crê que o partido pode vincular a desistência de Roseana ao
lançamento de seu nome.
Jorge Bornhausen, presidente
do PFL, já confirmou essa teoria
em conversa com FHC. Disse ao
presidente que apenas as candidaturas de Tasso ou de Geraldo
Alckmin poderiam seduzir os pefelistas. Se for para apoiar Serra,
ameaçam seguir com Roseana.
A outra candidatura que pode
auxiliar Tasso é a de seu afilhado
político Ciro Gomes, hoje no PPS.
Ele avalia que, se Serra for o candidato, boa parte do tucanato preferirá apoiar Ciro. Já a sua candidatura afastaria o espectro do
apoio ao candidato do PPS.
Tasso também torcia para que
Itamar Franco permanecesse no
PMDB e viabilizasse sua candidatura. Isso afastaria os peemedebistas, aliados preferenciais de
Serra, da aliança governista e reforçaria sua posição de candidato.
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