São Paulo, domingo, 07 de outubro de 2001

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Diminui proporção dos "sem-partido"

ESPECIAL PARA A FOLHA

Quase a metade do eleitorado nacional não tem preferência partidária alguma, mas esse grupo "despartidarizado" da população parece estar em queda.
Há dois anos, as pessoas sem preferência por partido político somavam 62% do eleitorado nacional. Desde então esse percentual sofreu várias quedas sucessivas, até bater em um piso de 46%, em março deste ano. Voltou ao patamar de 53% e ficou estável entre junho e setembro.
Para os presidenciáveis governistas, a queda do percentual de eleitores "despartidarizados" não é uma boa notícia. É entre eles que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem seu pior desempenho: apenas 23% de intenção de voto contra 35% no conjunto do eleitorado.
O "sem-partido" é em geral mulher (59% das eleitoras, contra 41% dos homens), tem média de idade pouco superior à do eleitorado (38,9 anos contra 36,9 anos), tende a ser menos escolarizado (64% com instrução até o 1º grau, contra 60% na média do eleitorado) e presença maior na classe E (11% contra 8% da média).
Ele acompanha a média da opinião pública em quase tudo, como na avaliação do governo FHC. O único ponto que deixa clara uma diferença é sua visão sobre o principal problema do país: para eles, a violência aparece em segundo lugar, com 12% de citações, contra 7% na média geral do eleitorado, superando questões como miséria e saúde.

Simpatia x voto
É verdade que, ao se confrontar os dados sobre simpatia partidária com os resultados das eleições nacionais de 1998, percebe-se que a declaração de preferência por um partido não implica automaticamente que essas pessoas vão votar em candidatos daquela legenda. Na prática, para a maioria do eleitorado a escolha do candidato precede a escolha do partido.
Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o partido que mais recebeu votos nas últimas eleições parlamentares foi o PSDB: 11,682 milhões. Em segundo lugar, quase empatado, veio o PFL, com 11,525 milhões de votos. O terceiro lugar ficou para o PMDB, com 10,106 milhões de votos. O PT ficou apenas com a quarta colocação, com 8,786 milhões de votos.
O ranking praticamente se repetiu no primeiro turno da eleição para prefeito realizada no ano passado: na ordem, PSDB (13,508 milhões de votos), PMDB (13,258 milhões), PFL (12,970 milhões) e PT (11,939 milhões).
Ou seja: apenas cerca de metade daqueles que se declaram simpatizantes do PT de fato acabaram votando em candidatos petistas. Já os partidos da base governista, notadamente PSDB e PFL, mais do que dobraram sua votação, se comparada ao número de simpatizantes. Isso porque se beneficiam não só de "defecções" de simpatizantes de outros partidos, mas porque são os principais depositários dos votos da metade dos "sem-partido". (JRT)



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