São Paulo, segunda-feira, 07 de outubro de 2002


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Presidente da Fiesp comemora resultado e prevê queda do dólar

GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.

O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Horacio Lafer Piva, 45, acredita que o mercado financeiro reagirá de forma positiva ao resultado da eleição presidencial.
"O mercado estava muito aflito com a possibilidade de o Lula vencer no primeiro turno", afirmou. Ele acredita, por isso mesmo, na queda do dólar, a partir de hoje. Piva defende a necessidade de uma coalizão entre o PT e o PSDB, apesar do segundo turno.
Ele admite, no entanto, que essa aliança pode se tornar mais difícil, dependendo do tom dos debates.

Folha - O sr. acha que foi melhor para o país a decisão da eleição presidencial ter sido adiada?
Horacio Lafer Piva -
O segundo turno não é necessariamente ruim, na medida que permite o aprofundamento das questões debatidas de forma genérica no primeiro turno. Ao mesmo tempo, permite também uma negociação maior de apoio no Legislativo, com a nova acomodação de forças que essas eleições irão provocar no Congresso. O Congresso terá um papel fundamental a partir de agora, já que a utilização do instrumento de medida provisória ficará muito limitada. Nenhum partido irá conseguir governar sem o apoio do Congresso. Os candidatos deverão começar a negociar já, desde amanhã [hoje".

Folha - Qual o grande resultado dessas eleições?
Piva -
Essa foi uma eleição muito especial. Uma das coisas mais importantes talvez tenha sido o processo de renovação. Uma série de nomes, como de Paulo Maluf e de Newton Cardoso, deu lugar a outros. Houve uma renovação muito grande em vários Estados. Está sendo uma eleição emocionante.

Folha - Como o mercado irá reagir ao resultado?
Piva -
Eu não sei o que poderá acontecer amanhã (hoje) no mercado. Dependerá muito, claro, da distância de Lula para Serra, mas não acho que reaja mal. O mercado estava muito aflito com a possibilidade de o Lula vencer no primeiro turno. Com a realização do segundo turno, o mercado irá se sentir mais aliviado, mesmo que seja num primeiro momento.

Folha - Pode-se prever então a queda do dólar?
Piva -
Eu acredito que isso possa acontecer. O dólar deve cair, pelo menos num primeiro momento. Depois, dependendo do que acontecer, o cenário pode até mudar. Uma coisa importante é que, com a realização do segundo turno, ficaram adiados o anúncio da equipe econômica dos candidatos e a agenda mínima a negociar.

Folha - O sr. acredita que, no segundo turno, Lula possa mudar a estratégia do "Lulinha paz e amor"?
Piva -
Não, o Lula vai manter a estratégia. Ele descobriu uma maneira de se comportar que parece estar agradando a sociedade. Tudo leva a crer que ele não vá mudar o comportamento. Até a militância está mais serena. Nestas eleições, o PT não foi agressivo nem no trabalho de boca de urna, como das outras vezes. Isso não vai mudar.

Folha - Como o sr. imagina o debate no segundo turno?
Piva -
A grande mudança será a exigência da sociedade para os candidatos explicitarem mais suas propostas. Se será possível, por exemplo, uma reforma da Previdência, se e como serão criados oito ou dez milhões de empregos, se será feita a reforma tributária e de que forma...
Acho que esse tipo de coisa é que será debatido de forma mais efetiva.

Folha - Quem foi o maior vencedor na eleição?
Piva -
Com exceção do Garotinho, que se tornou um nome nacional, é difícil apontar agora um vencedor. De qualquer forma, pode parecer meio piegas dizer, mas o grande vencedor foi a democracia brasileira. O Brasil deu um show de bola do ponto de vista da democracia. Espero que o mundo compreenda de maneira correta o resultado das eleições.

Folha - O sr. acha que o fato de ter o segundo turno pode dificultar uma coalizão futura entre o PT e o PSDB?
Piva -
Depende da qualidade do debate no segundo turno. Se o debate for mais agressivo, será mais difícil a aliança entre os dois partidos mais a frente. De qualquer forma, será fundamental para o Brasil uma coalizão entre os dois partidos. Do jeito que está a situação no Brasil, é muito importante que o ponto de partida do novo governo seja uma aliança entre o PT e o PSDB.



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