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Presidente da Fiesp comemora resultado e prevê queda do dólar
GUILHERME BARROS
EDITOR DO PAINEL S.A.
O presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), Horacio Lafer Piva,
45, acredita que o mercado financeiro reagirá de forma positiva ao
resultado da eleição presidencial.
"O mercado estava muito aflito
com a possibilidade de o Lula
vencer no primeiro turno", afirmou. Ele acredita, por isso mesmo, na queda do dólar, a partir de
hoje. Piva defende a necessidade
de uma coalizão entre o PT e o
PSDB, apesar do segundo turno.
Ele admite, no entanto, que essa
aliança pode se tornar mais difícil,
dependendo do tom dos debates.
Folha - O sr. acha que foi melhor
para o país a decisão da eleição
presidencial ter sido adiada?
Horacio Lafer Piva - O segundo
turno não é necessariamente
ruim, na medida que permite o
aprofundamento das questões
debatidas de forma genérica no
primeiro turno. Ao mesmo tempo, permite também uma negociação maior de apoio no Legislativo, com a nova acomodação de
forças que essas eleições irão provocar no Congresso. O Congresso
terá um papel fundamental a partir de agora, já que a utilização do
instrumento de medida provisória ficará muito limitada. Nenhum partido irá conseguir governar sem o apoio do Congresso.
Os candidatos deverão começar a
negociar já, desde amanhã [hoje".
Folha - Qual o grande resultado
dessas eleições?
Piva - Essa foi uma eleição muito
especial. Uma das coisas mais importantes talvez tenha sido o processo de renovação. Uma série de
nomes, como de Paulo Maluf e de
Newton Cardoso, deu lugar a outros. Houve uma renovação muito grande em vários Estados. Está
sendo uma eleição emocionante.
Folha - Como o mercado irá reagir
ao resultado?
Piva - Eu não sei o que poderá
acontecer amanhã (hoje) no mercado. Dependerá muito, claro, da
distância de Lula para Serra, mas
não acho que reaja mal. O mercado estava muito aflito com a possibilidade de o Lula vencer no primeiro turno. Com a realização do
segundo turno, o mercado irá se
sentir mais aliviado, mesmo que
seja num primeiro momento.
Folha - Pode-se prever então a
queda do dólar?
Piva - Eu acredito que isso possa
acontecer. O dólar deve cair, pelo
menos num primeiro momento.
Depois, dependendo do que
acontecer, o cenário pode até mudar. Uma coisa importante é que,
com a realização do segundo turno, ficaram adiados o anúncio da
equipe econômica dos candidatos
e a agenda mínima a negociar.
Folha - O sr. acredita que, no segundo turno, Lula possa mudar a
estratégia do "Lulinha paz e
amor"?
Piva - Não, o Lula vai manter a
estratégia. Ele descobriu uma maneira de se comportar que parece
estar agradando a sociedade. Tudo leva a crer que ele não vá mudar o comportamento. Até a militância está mais serena. Nestas
eleições, o PT não foi agressivo
nem no trabalho de boca de urna,
como das outras vezes. Isso não
vai mudar.
Folha - Como o sr. imagina o debate no segundo turno?
Piva - A grande mudança será a
exigência da sociedade para os
candidatos explicitarem mais
suas propostas. Se será possível,
por exemplo, uma reforma da
Previdência, se e como serão criados oito ou dez milhões de empregos, se será feita a reforma tributária e de que forma...
Acho que esse tipo de coisa é
que será debatido de forma mais
efetiva.
Folha - Quem foi o maior vencedor na eleição?
Piva - Com exceção do Garotinho, que se tornou um nome nacional, é difícil apontar agora um
vencedor. De qualquer forma, pode parecer meio piegas dizer, mas
o grande vencedor foi a democracia brasileira. O Brasil deu um
show de bola do ponto de vista da
democracia. Espero que o mundo
compreenda de maneira correta o
resultado das eleições.
Folha - O sr. acha que o fato de ter
o segundo turno pode dificultar
uma coalizão futura entre o PT e o
PSDB?
Piva - Depende da qualidade do
debate no segundo turno. Se o debate for mais agressivo, será mais
difícil a aliança entre os dois partidos mais a frente. De qualquer
forma, será fundamental para o
Brasil uma coalizão entre os dois
partidos. Do jeito que está a situação no Brasil, é muito importante
que o ponto de partida do novo
governo seja uma aliança entre o
PT e o PSDB.
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