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Candidato vota tão rápido como fala na TV
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Horas antes de as primeiras
urnas o apontarem como deputado federal mais votado do
país na história, Enéas Carneiro já havia garantido pelo menos um primeiro lugar: o do
voto mais cedo.
Sua vasta barba negra e o par
de óculos fundos e quadrados
abriram as portas do Centro
Universitário Ibero-Americano, em São Paulo, quase 20 minutos antes das 8h, horário do
início das votações.
Calça, paletó e gravata pretos,
o candidato do Prona se plantou na frente da 52ª seção eleitoral, onde vota. Quando abriram os portões da universidade, para os demais eleitores, estava na pole position.
Enéas votou tão rápido quanto fala em seus programas de
TV, espécie de marca registrada de sua incomum carreira
política. Saiu da sala com acenos, sorrisos e autógrafos para
os transeuntes, que apontavam
o dedo e diziam: "Ó, o Enéas",
como se tivessem visto o legítimo ET de Varginha.
A mesma simpatia não ofereceu à imprensa. Já antes da eleição, ele orientou funcionários
do Prona e políticos do partido,
como seu braço direito Havanir Nimitz, a não revelar onde e
a que horas votaria.
Ontem, se esquivou das perguntas da Folha enquanto subia a avenida Brigadeiro Luís
Antonio (região central de São
Paulo) em direção ao velho edifício Gisela, onde mora e mantém a sede do seu partido.
Ali, na frente do prédio, talvez esteja o sinal do futuro desse cardiologista de 63 anos:
uma placa de "vende-se". Candidato derrotado a presidente
em 1989, 1994 e 1998 e a prefeito
em 2000, sempre com votações
expressivas, o acreano radicado no Rio está definitivamente
a caminho de representar São
Paulo em Brasília.
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