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MARANHÃO
Com mais de 80% das urnas já apuradas, realização de 2º turno continua indefinida
Candidato dos Sarney lidera apuração
ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A SÃO LUÍS
Até a 1h20 de hoje, com 81,7%
das urnas apuradas pelo TRE, o
atual governador do Maranhão,
José Reinaldo Tavares (PFL), que
concorre à reeleição com o apoio
da família Sarney, liderava o pleito com 48,3% dos votos válidos,
contra 40,5% de seu opositor,
Jackson Lago (PDT).
Uma decisão do STF (Supremo
Tribunal Federal) também poderia decidir a eleição no primeiro
turno. O candidato Ricardo Murad (PSB), irmão de Jorge Murad,
que é marido da ex-governadora
Roseana Sarney, teve sua candidatura impugnada, por unanimidade, pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), há duas semanas,
mas ele recorreu junto ao STF.
Na madrugada de hoje, Murad
estava com 4,9% dos votos válidos, percentual que vinha mantendo desde o início da apuração.
Se a candidatura de Murad for
impugnada, o total de votos válidos diminuirá em cerca de 120
mil, beneficiando Tavares.
A família Sarney governou o Estado por três vezes (uma vez com
José Sarney e duas com Roseana)
e influi na política do Maranhão
desde 1966, quando José Sarney
foi eleito governador.
Compra de votos
A prisão do coronel Orlando Lima Pantoja, anteontem, com R$
371 mil que supostamente seriam
usados para compra de votos no
interior do Maranhão, foi ignorada por Jackson Lago e minimizada pelo governador Tavares.
Ontem a desembargadora do
TRE Dulce Clementino autorizou
a soltura do coronel mediante
fiança de R$ 500. O dinheiro
apreendido não foi liberado. Segundo o superintendente da Polícia Federal Augusto Serra Pinto, o
dinheiro -5.424 notas de R$ 50 e
998 notas de R$ 100, que seriam
levadas para Imperatriz, no sul do
Estado- ficará na Caixa Econômica Federal até decisão judicial.
A ex-governadora Roseana Sarney -virtualmente eleita para o
Senado pelo PFL-, que na véspera havia culpado o candidato José
Serra e, segundo afirmou, a "corriola do Planalto" pela prisão do
coronel, amenizou seu discurso.
Informada de que Serra havia
considerado a acusação um "delírio", afirmou: "O Serra é que delira. Não quero me trocar [discutir]
com ele. Deixa prá lá", declarou,
ao deixar o Colégio Santa Tereza,
no centro de São Luís, onde votou, ao lado do governador Tavares e de Edison Lobão, candidato
ao Senado pelo PFL.
Os três receberam mais vaias do
que aplausos dos eleitores na fila.
Os apupos e gritos de "cadê o dinheiro" eram ouvidos em todo o
colégio. Senhoras reclamavam do
fato de os três terem furado a fila.
"Vão roubar o lugar na fila também?", gritavam algumas.
O procurador eleitoral Nicolao
Dino Santos Neto contestou ontem a acusação de que a prisão do
coronel Pantoja tenha sido política. "Agimos de acordo com a lei e
com a Constituição." Ele disse
que não houve ingerência do governo federal.
O governador Tavares procurou minimizar o impacto do caso
na votação. Jackson Lago não quis
comentar o caso.
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