São Paulo, segunda-feira, 07 de outubro de 2002

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MARANHÃO

Com mais de 80% das urnas já apuradas, realização de 2º turno continua indefinida

Candidato dos Sarney lidera apuração

ELVIRA LOBATO
ENVIADA ESPECIAL A SÃO LUÍS

Até a 1h20 de hoje, com 81,7% das urnas apuradas pelo TRE, o atual governador do Maranhão, José Reinaldo Tavares (PFL), que concorre à reeleição com o apoio da família Sarney, liderava o pleito com 48,3% dos votos válidos, contra 40,5% de seu opositor, Jackson Lago (PDT).
Uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) também poderia decidir a eleição no primeiro turno. O candidato Ricardo Murad (PSB), irmão de Jorge Murad, que é marido da ex-governadora Roseana Sarney, teve sua candidatura impugnada, por unanimidade, pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), há duas semanas, mas ele recorreu junto ao STF.
Na madrugada de hoje, Murad estava com 4,9% dos votos válidos, percentual que vinha mantendo desde o início da apuração.
Se a candidatura de Murad for impugnada, o total de votos válidos diminuirá em cerca de 120 mil, beneficiando Tavares.
A família Sarney governou o Estado por três vezes (uma vez com José Sarney e duas com Roseana) e influi na política do Maranhão desde 1966, quando José Sarney foi eleito governador.

Compra de votos
A prisão do coronel Orlando Lima Pantoja, anteontem, com R$ 371 mil que supostamente seriam usados para compra de votos no interior do Maranhão, foi ignorada por Jackson Lago e minimizada pelo governador Tavares.
Ontem a desembargadora do TRE Dulce Clementino autorizou a soltura do coronel mediante fiança de R$ 500. O dinheiro apreendido não foi liberado. Segundo o superintendente da Polícia Federal Augusto Serra Pinto, o dinheiro -5.424 notas de R$ 50 e 998 notas de R$ 100, que seriam levadas para Imperatriz, no sul do Estado- ficará na Caixa Econômica Federal até decisão judicial.
A ex-governadora Roseana Sarney -virtualmente eleita para o Senado pelo PFL-, que na véspera havia culpado o candidato José Serra e, segundo afirmou, a "corriola do Planalto" pela prisão do coronel, amenizou seu discurso.
Informada de que Serra havia considerado a acusação um "delírio", afirmou: "O Serra é que delira. Não quero me trocar [discutir] com ele. Deixa prá lá", declarou, ao deixar o Colégio Santa Tereza, no centro de São Luís, onde votou, ao lado do governador Tavares e de Edison Lobão, candidato ao Senado pelo PFL.
Os três receberam mais vaias do que aplausos dos eleitores na fila. Os apupos e gritos de "cadê o dinheiro" eram ouvidos em todo o colégio. Senhoras reclamavam do fato de os três terem furado a fila. "Vão roubar o lugar na fila também?", gritavam algumas.
O procurador eleitoral Nicolao Dino Santos Neto contestou ontem a acusação de que a prisão do coronel Pantoja tenha sido política. "Agimos de acordo com a lei e com a Constituição." Ele disse que não houve ingerência do governo federal.
O governador Tavares procurou minimizar o impacto do caso na votação. Jackson Lago não quis comentar o caso.


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