São Paulo, segunda-feira, 07 de outubro de 2002

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Presidente tentará impedir "jogo pesado'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso, que no primeiro turno se equilibrou entre as duas candidaturas, pode ser decisivo a partir de hoje para tentar impedir um "jogo pesado" no segundo turno entre os candidatos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e José Serra (PSDB).
Conforme a Folha apurou, FHC trabalha nos bastidores tanto do PSDB quanto do PT para que os dois partidos preservem as pontes para o futuro governo. Seu argumento: ganhe quem ganhar, vai precisar do outro para governar e para enfrentar as turbulências do mercado e a crise cambial.
Com o segundo turno polarizado entre governo e oposição, a tendência é que FHC seja chamado a participar mais ativamente da campanha de Serra e que Serra se identifique mais afirmativamente com o governo.
O PT sabe disso, mas trabalha para que FHC mantenha uma certa "postura de magistrado" que teve no primeiro turno e continue sem colocar a máquina a favor do candidato governista.
FHC se preparou para ser o principal avalista do sucessor junto à comunidade política, empresarial e financeira interna e externa, inclusive se Lula for o vencedor. Na expectativa da cúpula governista na última semana, haveria segundo turno, mas o petista chegaria a ele muito forte.
A poderosa votação de Lula no primeiro turno, mesmo sem atingir os 50% mais um necessários para evitar a realização do segundo turno, corresponde à derrota de FHC e de seu governo.
Lula, porém, conseguiu envolver FHC na expectativa de um "pacto nacional" em torno de seu eventual governo, ao ampliar as fronteiras de sua candidatura muito além do PT.
Qualquer que seja o eleito -Lula ou Serra-, FHC pretende convidá-lo para sua última viagem internacional ainda na Presidência.
Em novembro, ele vai a Portugal, Reino Unido, Espanha e República Dominicana. Neste último país, FHC vai participar da Cúpula (reunião de presidentes) Ibero-Americana, um bom momento para "apresentar" o sucessor à comunidade internacional.
De outro lado, FHC tem o compromisso de Lula, via presidente do PT, deputado José Dirceu (SP), de que governará até o último minuto, sem que Lula e os petistas lhe criem obstáculos ou o bombardeiem com críticas e cobranças. O partido não está mais na oposição. Está se preparando para ser governo.
(ELIANE CANTANHÊDE e KENNEDY ALENCAR)


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