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Presidente tentará impedir "jogo pesado'
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso, que no primeiro
turno se equilibrou entre as duas
candidaturas, pode ser decisivo a
partir de hoje para tentar impedir
um "jogo pesado" no segundo
turno entre os candidatos Luiz
Inácio Lula da Silva (PT) e José
Serra (PSDB).
Conforme a Folha apurou, FHC
trabalha nos bastidores tanto do
PSDB quanto do PT para que os
dois partidos preservem as pontes
para o futuro governo. Seu argumento: ganhe quem ganhar, vai
precisar do outro para governar e
para enfrentar as turbulências do
mercado e a crise cambial.
Com o segundo turno polarizado entre governo e oposição, a
tendência é que FHC seja chamado a participar mais ativamente
da campanha de Serra e que Serra
se identifique mais afirmativamente com o governo.
O PT sabe disso, mas trabalha
para que FHC mantenha uma
certa "postura de magistrado"
que teve no primeiro turno e continue sem colocar a máquina a favor do candidato governista.
FHC se preparou para ser o
principal avalista do sucessor junto à comunidade política, empresarial e financeira interna e externa, inclusive se Lula for o vencedor. Na expectativa da cúpula governista na última semana, haveria segundo turno, mas o petista
chegaria a ele muito forte.
A poderosa votação de Lula no
primeiro turno, mesmo sem atingir os 50% mais um necessários
para evitar a realização do segundo turno, corresponde à derrota
de FHC e de seu governo.
Lula, porém, conseguiu envolver FHC na expectativa de um
"pacto nacional" em torno de seu
eventual governo, ao ampliar as
fronteiras de sua candidatura
muito além do PT.
Qualquer que seja o eleito -Lula ou Serra-, FHC pretende convidá-lo para sua última viagem internacional ainda na Presidência.
Em novembro, ele vai a Portugal, Reino Unido, Espanha e República Dominicana. Neste último país, FHC vai participar da
Cúpula (reunião de presidentes)
Ibero-Americana, um bom momento para "apresentar" o sucessor à comunidade internacional.
De outro lado, FHC tem o compromisso de Lula, via presidente
do PT, deputado José Dirceu (SP),
de que governará até o último minuto, sem que Lula e os petistas
lhe criem obstáculos ou o bombardeiem com críticas e cobranças. O partido não está mais na
oposição. Está se preparando para ser governo.
(ELIANE CANTANHÊDE e KENNEDY ALENCAR)
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