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SEGUNDO TURNO
Presidenciável acompanha governador de São Paulo durante a votação para aproveitar sua popularidade
Serra cola em Alckmin na última hora
FÁBIO VICTOR
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Colar sua imagem à do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, virtual líder do primeiro turno no Estado com maior peso
eleitoral no país, foi a última cartada do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, na tentativa
de passar para o segundo turno
das eleições.
Ontem de manhã, a partir de
uma decisão do comando nacional da campanha tucana, Alckmin acompanhou Serra nos 48
minutos em que o presidenciável
esteve no seu local de votação, o
colégio Santa Cruz, no Alto de Pinheiros (zona oeste de São Paulo).
A todo instante, os assessores de
Serra chamavam Alckmin para ficar colado ao candidato tucano à
sucessão de Fernando Henrique
Cardoso.
"Cadê o governador? Governador!", gritavam os assessores de
Serra cada vez que Alckmin, por
causa do tumulto no local, se distanciava do colega e das câmeras.
O próprio presidenciável, ao
chegar à fila de sua seção eleitoral
e não avistar o governador, perguntou: "Cadê o Alckmin?".
Os dois -e mais a mulher de
Serra, Mônica- entraram juntos
na sala de votação.
Lá dentro, posaram para votos
fazendo o "V" da vitória, e o candidato ao Planalto, na autopropaganda que fez antes de votar, citou
o nome do governador ("Agora
vou votar em mim e no Geraldo"). Foi repreendido pelo presidente da seção (a 69ª da 251ª zona) -instantes depois, voltaria a
ser advertido, ao insistir na campanha na sala de votação, proibida pela lei eleitoral.
Na entrevista coletiva que deu
do lado de fora do colégio, Serra
voltar a citar Alckmin: "São dois
45 [o número de ambos". Para governador, Alckmin, e para presidente, Serra".
Ao deixar o local, Serra chamou
o governador num canto e cochichou, sem concluir a frase: "Desculpe ter te...". Alckmin minimizou o peso da ajuda: "Não, o que é
isso. Tranquilo. Não foi nada".
Antes de irem juntos ao colégio,
Alckmin visitou Serra na casa do
presidenciável. A ânsia de aproximação, porém, foi detonada anteontem, quando o governador
alterou sua agenda a pedido do
comando de campanha do presidenciável para incluir três atividades com a presença dos dois.
Juntos, eles fizeram uma caminhada no Horto Florestal, foram
ao bairro da Mooca e visitaram o
cardeal-arcebispo de São Paulo,
dom Cláudio Hummes.
A situação é inversa à vivida pelo PT, cujo candidato ao governo
de São Paulo, José Genoino, é
quem se apóia no candidato à
Presidência do partido, Luiz Inácio Lula da Silva.
O forte crescimento de Genoino
na reta final do segundo turno se
deveu, em grande parte, à "carona" que ele pegou no alto índice
eleitoral de Lula.
Gripe e febre
Acometido por uma forte gripe,
Serra passou a maior parte do dia
em casa. Saiu duas vezes, ambas
de manhã e rapidamente.
Notívago incorrigível -costuma acordar ao meio-dia-, levantou-se bem mais cedo que o normal, às 8h55.
O resfriado causou uma ligeira
rouquidão no candidato, que chamou a fonoaudióloga Marta de
Andrada e Silva para ir à sua casa
logo cedo, às 9h50. A fisioterapeuta Mônica Tilly também esteve no
local -teria ido fazer uma massagem no presidenciável.
Na primeira vez que saiu de casa, às 10h30, o tucano abortou
uma caminhada até o colégio onde vota, próximo à sua residência,
por causa do assédio de cerca de
50 repórteres. Foi de carro.
Voltou para casa às 11h25 e tornou a sair ao meio-dia, para
acompanhar os filhos, Verônica e
Luciano, que saíram para votar.
Ao meio-dia, questionado sobre
seu resfriado, disse: "A gripe continua, mas o ânimo e a alegria são
maiores". Ele negou que estivesse
com febre. Mas, segundo a Folha
apurou, a gripe piorou durante a
tarde, e o candidato ficou febril.
A fonoaudióloga voltou à casa
de Serra à tarde com um aparelho
de inalação, provavelmente para
introduzir algum medicamento
por via respiratória.
O fato de estar adoentado também fez com que ele falasse pouco. "Hoje não é dia de candidato
falar. Quem fala hoje é o povo,
que vai dizer nas urnas qual é a
sua escolha", repetiu o tucano nas
poucas entrevistas que deu.
Serra procurou mostrar confiança no seu desempenho nas urnas. "Vamos para o segundo turno. Serão 20 dias de debate, não
apenas sobre os problemas brasileiros, mas sobre como resolver
esses problemas. O segundo turno é fundamental para isso."
O candidato se disse emocionado com as eleições. "Toda eleição
me toca de perto, porque lutei
contra a ditadura militar para que
tivéssemos eleições livres no Brasil. E nunca houve uma eleição livre como esta e como a eleição
passada. O Brasil está caminhando para o aperfeiçoamento de sua
democracia", declarou.
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