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Reaglutinação de forças é desafio para tucanos
ELIANE CANTANHÊDE
DIRETORA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A eleição de ontem confirmou
uma nítida guinada do país à esquerda, e a principal discussão no
PSDB é como aglutinar novamente o partido e conseguir uma adesão muito maior à campanha do
tucano José Serra do que a morna
participação do primeiro turno.
A disputa entre o governador
Geraldo Alckmin (PSDB) e seu
adversário no segundo turno para
o governo paulista, José Genoino
(PT), pode definir essa adesão
contra o petista Luiz Inácio Lula
da Silva na eleição nacional. São
Paulo é justamente o "berço" dos
dois partidos. É ali que ambos são
mais radicais um contra o outro.
Estrelas
Dê no que dê, Alckmin e o mineiro Aécio Neves são as principais estrelas em ascensão no
PSDB, num momento de transição de líderes e de gerações, inclusive no partido de FHC. Caso Serra vença, Alckmin vai ser muito
forte. Caso seja Lula, vai jogar
suas fichas em Aécio.
As eleições confirmaram o crescimento da esquerda e o enfraquecimento de caciques como
Paulo Maluf, em São Paulo, Itamar Franco e Newton Cardoso,
em Minas, Leonel Brizola, no Rio,
até Antonio Carlos Magalhães, na
Bahia. ACM venceu para o Senado, mas chegou à reta final sem
candidato definido para presidente e com o PT crescendo na
sua seara.
Nesse quadro, passam a brilhar
as estrelas de jovens líderes, como
Aécio e também Alckmin. Serão
eles quem terão que reconciliar
FHC e Serra com o senador eleito
Tasso Jereissati, do Ceará.
Dessa recomposição depende a
mais delicada definição do partido que ocupa o poder nos últimos
oito anos, com FHC: como negociar e como se colocar com o PT
-partido que mais cresceu. Serra
presidente vai querer o PT. Lula
presidente vai querer algum tipo
de apoio do PSDB.
Com a evidente guinada à esquerda, PPB, PFL, PMDB e PTB
perdem muito poder e o PSDB
tende a assumir um discurso mais
próximo ao do PT.
Os grandes partidos, no entanto, mantêm um enorme trunfo:
nenhum presidente governa sem
apoio na Câmara e no Senado. É
nesse limite estreito que FHC e o
PSDB governaram nos últimos
anos, e o PT pode ter de governar.
Antigos aliados e ferrenhos adversários nos dois mandatos de
FHC, PT e PSDB vão ter que, finalmente, sentar e conversar para
neutralizar a força da chamada
"direita". Como, aliás, FHC e Lula
já vêm fazendo ao longo da campanha. Já existe um bom motivo
ou pretexto: "governabilidade".
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