São Paulo, segunda-feira, 07 de outubro de 2002

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PMDB governista deve aumentar seu empenho

KENNEDY ALENCAR
EM SÃO PAULO

A passagem de José Serra ao segundo turno deverá forçar a ala governista do PMDB a se empenhar mais pela vitória do tucano. Até o primeiro turno, apenas o núcleo duro do grupo governista estava para valer no projeto presidencial de Serra.
Mais: a ida do tucano para a segunda fase deverá interromper um segundo movimento de aproximação entre o grupo e a candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A eventual vitória de Lula é um plano B do PMDB governista, já que a ala oposicionista abraçou a candidatura petista desde o seu início.
Se Serra virar o jogo contra Lula, o PMDB governista terá dado o seu grande lance. Com uma eventual vitória de Serra, o PMDB deverá ter três ministérios, a Vice-Presidência e a presidência de uma das duas Casas do Congresso (Câmara ou Senado).
O partido deverá eleger entre 80 e 90 deputados federais e continuar a estar entre as três maiores forças da Câmara. No Senado, deverá ser a primeira ou segunda bancada, com mais de 20 representantes.
O grupo viabilizou a aliança formal com o PSDB, o que nem o presidente Fernando Henrique Cardoso conseguiu em 1998, quando disputou a reeleição. Detalhe: FHC tem melhor relacionamento pessoal com os dirigentes governistas do que Serra, mas a obstinação do tucano ajudou o grupo a derrotar a ala oposicionista e fechar a aliança que garantiu um tempo de TV decisivo no horário eleitoral gratuito.
Foi esse tempo que permitiu a Serra fazer uma campanha extremamente negativa contra Ciro Gomes (PPS), visto pelo PMDB como a pior alternativa para o seu futuro, já que o pepessista é aliado de pefelistas que são inimigos mortais de caciques peemedebistas. Exemplo: o líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima, é adversário na política baiana de Antonio Carlos Magalhães (PFL).
ACM apoiou Ciro oficialmente, apesar de ter deslizado para a candidatura Lula, com a qual sempre manteve boa relação, até mesmo com conversas secretas com membros da cúpula petista, como o presidente do partido, o deputado federal José Dirceu (SP), e o próprio Lula.
Caso o petista vença, o grupo governista deverá enfrentar um novo duelo com os oposicionistas pelo controle do partido. A história recente desses conflitos tem dado aos governistas a maioria das vitórias. É o que tende a continuar acontecendo.



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