São Paulo, segunda-feira, 07 de outubro de 2002

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SEGUNDO TURNO

Candidato do PSB alega que quebra de 530 urnas (2% do total) pode ter atrapalhado votação de eleitores

Garotinho fala em pedir impugnação no Rio

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

PEDRO SOARES
ENVIADO ESPECIAL A CAMPOS

O candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, disse ontem que vai entrar no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com pedido de impugnação da eleição no Rio, caso o número de votantes tenha sido baixo no Estado em razão dos problemas técnicos nas urnas eletrônicas. Ele sugeriu que a situação poderia favorecer o candidato tucano José Serra.
"Isso é muito estranho e acontece logo no Estado onde o Serra não tem voto? Em todas as pesquisas, o máximo que ele alcançou aqui foi 9%, e o meu mínimo ficou entre 35% e 39%. Há uma diferença de 30 pontos", disse.
Ainda no aeroporto Santos Dumont, pouco depois de desembarcar de Campos (norte fluminense), ao lado da mulher, a candidata ao governo do Rio, Rosinha Matheus, o presidenciável disse que anteontem fora informado por um funcionário do TSE de que poderia haver problemas na votação no Estado.
"Fui alertado em Brasília de que haveria problemas no Rio, mas ninguém sabia o que iria acontecer", afirmou. Segundo um balanço extra-oficial do TRE, feito ontem à noite, cerca de 530 urnas do Rio (quase 2% do total) tiveram que ser substituídas e, em sete seções, a votação foi manual.
A última pesquisa do Datafolha antes das eleições registrou empate técnico entre Garotinho e Serra. Pelas contas do candidato do PSB, o Rio é o Estado que poderia dar-lhe os 3 milhões de votos a mais que esperava ter sobre Serra, para disputar o segundo turno.
A assessoria de Serra disse que o candidato não iria se pronunciar sobre a suspeita do adversário.

TRE
Assim que desembarcou no Rio, Garotinho cancelou a carreata que faria com Rosinha, na zona oeste e na Baixada Fluminense, e seguiu para a sede do TRE, no centro, onde se reuniu por cerca de uma hora com o presidente do tribunal, Álvaro Mayrink. A decisão desagradou a Rosinha, que pretendia manter a agenda.
"Rosinha, esse problema [com as urnas" não é jurídico, é político", argumentou ele, antes de seguir para a sede do TRE. Após a reunião com Mayrink, o ex-governador criticou o fato de mais da metade das urnas enviadas pelo TSE ao Rio serem antigas.
Segundo ele, Mayrink lhe disse que, das 27,7 mil urnas usadas no Rio, 15 mil são de 1996. Estas é que estariam apresentando problemas. Em São Paulo, por sua vez, disse Garotinho, das 49 mil urnas utilizadas, apenas 2,5 mil seriam de 1996. "Esse universo de 15 mil urnas representa 70% do eleitorado do Estado [de pouco mais de 10 milhões de eleitores". Eu e o candidato do governo estamos disputando voto a voto quem vai para o segundo turno. No Estado dele, as urnas estão bem. No Rio, onde lidero, acontece isso."
O presidente do TRE, Álvaro Mayrink, não comentou a ameaça de Garotinho. "Ele colocou suas posições, mas está certo da transparência do processo", disse.
Garotinho votou às 9h25, no Ciep Nilo Peçanha, no bairro da Lapa, em Campos. Chegou à seção acompanhado de Rosinha e de alguns de seus filhos.
O candidato entrou na cabine de votação junto com o filho Anthony, 12, e demorou 47 segundos para votar.


Colaboraram JULIA DUAILIBI, da Reportagem Local, e MÁRIO HUGO MONKEN, da Sucursal do Rio


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