DA REPORTAGEM LOCAL

Números do Datafolha e do Ibope indicam que José Serra (PSDB) tem chance de herdar uma fatia maior que a de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) do espólio de eleitores de Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS), eliminados ontem da disputa presidencial.
Esse movimento, no entanto, é insuficiente para reverter a vantagem do petista sobre o tucano nas simulações de segundo turno realizadas pelos dois institutos.
O cálculo da "herança" prevista para cada um dos finalistas é feito pelo cruzamento da simulação de segundo turno com a intenção de voto declarada para o primeiro.
Mauro Francisco Paulino, diretor-geral do Datafolha, explica que esse raciocínio é mais adequado do que simplesmente observar qual era a segunda opção de voto dos eleitores Garotinho e Ciro no primeiro turno.
"O cruzamento reflete situação mais próxima da real, em que o eleitor declara com quem ficaria num segundo turno sem o candidato de sua preferência", diz.
De acordo com o Datafolha, 50% dos eleitores de Garotinho migrariam para Serra, e 36% optariam por Lula. Entre os "órfãos" do ex-governador, 11% manifestaram disposição para votar em branco ou anular, e 4% declararam não saber que rumo tomar.
Dos eleitores de Ciro, 46% escolheriam Serra, e 39%, Lula. Seriam 12% os dispostos a votar em branco ou anular, e 3% os indecisos.
Entre os que, na véspera da eleição, estavam indecisos ou pretendiam votar em branco ou anular, 29% declararam preferência por Lula num segundo turno deste contra Serra, e 27% disseram preferir o tucano. Seriam 23% os dispostos a repetir o voto branco ou nulo, e 20% os indecisos.
Segundo cálculos do instituto, toda essa migração resultaria em oito pontos a mais para Lula, e 14 para Serra. Feitos os acréscimos, a simulação de segundo turno indicaria 56% para o petista e 35% para o tucano no critério de total de votos. No de votos válidos (que exclui brancos e nulos e distribui indecisos proporcionalmente à intenção de voto de cada candidato), seriam 61% contra 38%.
São semelhantes os números do Ibope. Eles apontam que Serra herdaria aproximadamente metade dos eleitores de Garotinho e de Ciro. E que a Lula caberia cerca de um terço. Com a migração, as simulações de segundo turno seriam 55% a 35% (total de votos) e 61% a 39% (votos válidos).
Os diretores dos dois institutos advertem, no entanto, que a matemática não basta para prever o futuro. "Esses números são de pesquisas feitas na sexta e no sábado", diz Paulino. "Não contemplam a influência do anúncio do resultado oficial e da campanha que se inicia logo depois disso."
Na mesma linha, Márcia Cavallari, do Ibope Opinião, lembra que o resultado de primeiro turno "é uma onda que se cria". Isso não significa, diz ela, que se deva contar com uma reversão de posições. "Quer dizer apenas que não se pode tomar a simulação de segundo turno como possível resultado, até porque existe o rearranjo das forças políticas."
(RENATA LO PRETE)


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