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SEGUNDO TURNO
Tucano quer reunificar base de apoio de FHC e aposta na força dos candidatos do PSDB aos governos estaduais
Serra vai mudar comando de campanha
RAYMUNDO COSTA
EM SÃO PAULO
O desafio do tucano José Serra
no segundo turno é restaurar, em
apenas três semanas, a credibilidade de uma candidatura -que
passou muito tempo desacreditada no meio político desde sua oficialização, em junho- entre os
próprios aliados políticos do presidenciável do PSDB.
Para ganhar mais musculatura
política, Serra deve fazer mudanças no comando da campanha,
sem tirar ninguém do lugar que
ocupa -o que tem sido uma rotina no comitê do candidato. O presidente nacional do PSDB, deputado federal José Anibal (PSDB),
livre da campanha para o Senado,
terá participação mais ativa.
Com as mudanças, perde poder
sobretudo o núcleo de Brasília da
campanha, comandado pelo deputado Pimenta da Veiga (PSDB-MG) e pelo coordenador-executivo Milton Seligman. Pimenta, segundo a avaliação no comitê do
candidato, nunca chegou a entrar
propriamente na campanha.
A ele caberia a articulação de
bastidor e assumir a linha de frente da campanha. Mas nem sempre
era encontrado quando o comando da campanha precisava dele e
em algumas oportunidades recusou-se a dar entrevistas a emissoras de rádio, mandando os jornalistas "procurar o Zé Aníbal".
Pimenta e Seligman tiveram
atritos com a equipe de marketing
do candidato. Em um desabafo, o
publicitário Nizan Guanaes chegou a dizer a Serra que ele estava
sozinho, abandonado politicamente. Em geral, o comitê avalia
que os políticos só sabem atrapalhar -caso de Alberto Goldman
(PSDB-SP), um dos críticos do
programa de TV quando Serra
não conseguia superar a faixa dos
19 pontos nas pesquisas.
Nesse quadro, ganha mais força
ainda o núcleo paulista da campanha, integrado por João Roberto
Vieira da Costa, secretário de Comunicação de Governo licenciado, os publicitários Nizan Guanaes e Nelson Biondi, o cientista
político Antônio Lavareda e o
economista José Roberto Afonso,
diretor licenciado do BNDES.
A esse grupo coube traçar a estratégia da campanha -sobretudo do marketing político, considerado o principal fator da passagem de Serra para o segundo turno, de vez que a contribuição política é considerada quase nula.
Brincadeira recorrente no comitê tucano: não fossem os programas de TV, Serra chegaria ao
final da eleição com índices de intenção de voto próximos aos de
José Maria, o candidato do PSTU.
A aposta de Serra para agora dar
musculatura política à campanha
são os governadores eleitos no
primeiro turno e os candidatos
considerados fortes para o segundo -entre eles, Geraldo Alckmin
(SP), Jarbas Vasconcelos (PE),
Marconi Perillo (GO) e, sobretudo, Aécio Neves (MG).
Ao longo da campanha, Aécio
desenvolveu uma tática tortuosa,
chegando a acenar para as candidaturas adversárias de Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes
(PPS). Causou a impressão, no
comitê de Serra, de que Aécio não
estava interessado na eleição do
candidato de seu partido.
Serra pensava encerrar a campanha num grande comício em
Belo Horizonte, na quarta passada. Cancelou porque Aécio iria a
um debate na TV entre os candidatos a governador de Minas. Aécio não foi ao debate, e Serra teve
de improvisar um comício de encerramento em Campinas (SP).
Depois de apostar todas as fichas na TV, Serra precisa agora
reunificar a base de apoio político
destroçada ao longo da construção da candidatura. Tem como
certo a volta de praticamente todo
o PFL, com uma exceção: o senador eleito Antonio Carlos Magalhães (BA), que, no entanto, deve
liberar os pefelistas baianos.
Além disso, torcia ontem para
que o PT passasse para o segundo
turno da eleição no Rio de Janeiro. Isso, segundo avaliação da
campanha, praticamente jogará
Anthony Garotinho no colo da
candidatura do tucano.
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