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FISCO EM GUERRA
Jorge Rachid não comenta acusação feita por Moacir Leão
Secretário pode ter "forjado"
denúncia, afirma corregedor
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O corregedor-geral da Receita
Federal, Moacir Leão, afirmou
ontem que recebeu a informação
de que a denúncia contra ele de
suposto ato de improbidade administrativa teria sido "forjada"
no gabinete do secretário da Receita Federal, Jorge Rachid. A denúncia foi feita pelo auditor Edson Pedrosa.
Leão não disse de quem recebeu
a informação e ressaltou que não
tem como saber, no momento, se
é verdadeira ou não. Afirmou que
há mais de um mês enviou um
memorando ao secretário pedindo que confirmasse ou negasse a
informação. Até agora, diz ele,
não obteve resposta.
"Se isso for verdade, é um caso
gravíssimo", afirma Leão.
Procurado pela Folha, o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, não quis se pronunciar.
O episódio é mais um capítulo
da atual batalha na Receita Federal. De um lado, está o corregedor-geral, que neste ano já abriu
quatro inquéritos para apurar
suspeitas de irregularidades cometidas por altos funcionários ou
ex-integrantes da cúpula da Receita -entre eles, o próprio secretário da Receita.
Do outro lado, estão Rachid e o
ministro Antonio Palocci Filho
(Fazenda), que adotam a tática do
silêncio. O único movimento até
agora feito por Palocci foi autorizar a criação de uma comissão especial da Procuradoria da Fazenda para tomar a frente de investigações da Corregedoria.
A cúpula da Receita defende,
mas não abertamente, a tese de
que Leão tem interesses políticos.
Estaria empenhado em derrubar
a equipe de Rachid porque o grupo a que pertence não chegou ao
poder com a troca de governo.
Rachid é remanescente da administração de FHC.
Ameaças
No último sábado, o ex-secretário-adjunto da Receita Leonardo
Couto pediu exoneração. Um dos
processos abertos por Moacir
Leão foi contra ele, por suspeita
de tentar atrapalhar o trabalho da
Corregedoria.
Para se defender do processo,
Couto procurou o auditor e amigo Flávio Franco Correa. Em conversa telefônica, gravada pela Polícia Federal, Correa contou a
Couto que o auditor Edson Pedrosa, inimigo de Moacir Leão,
teria dito que o corregedor é "um
mal" e que teria de levar "um tiro
na cabeça", segundo transcrição
feita pela revista "Época".
Dias depois de aberto o processo administrativo contra Leonardo Couto, Pedrosa apresentou ao
ministro da Fazenda uma denúncia contra Leão por suposto ato de
improbidade administrativa. Disse que o corregedor se excede nos
gastos com diárias de trabalho.
O corregedor afirma que a informação por ele recebida dá conta de que o secretário da Receita
teria atendido em seu gabinete
outro auditor, Carlos Eugênio Filho, para tratar da denúncia.
Eugênio Filho, que é amigo e
advogado de Pedrosa, disse que
nunca esteve com Rachid. Afirmou que a informação de que a
denúncia feita contra o corregedor por seu cliente foi forjada é
"totalmente mentirosa".
Moacir Leão diz que a denúncia
é falsa. Segundo ele, os gastos com
diárias da denúncia dizem respeito a trabalhos realizados pela Corregedoria. Disse que, para dar
isenção às investigações, convoca
auditores de Estados diferentes
daqueles das localidades onde os
trabalhos são feitos.
O corregedor afirmou que pediu ao juiz federal Lafredo Lisboa,
do Rio de Janeiro, que investigasse a denúncia contra ele. Contou
que já tomou as providências para se proteger, depois da divulgação das gravações com as supostas ameaças.
Afirmou que já entrou em contato com a Polícia Federal para
que receba proteção. Aumentou
ainda a segurança no andar em
que trabalha na Corregedoria.
Mas afirmou que continuará trabalhando normalmente.
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