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SÃO PAULO
Com cronograma de pagamento atrasado, equipe que faz programa de TV de Marta tira folga; no Rio, também há problemas
PT admite problema financeiro na campanha
CATIA SEABRA
CHICO DE GOIS
REPORTAGEM LOCAL
A vantagem de quase oito pontos de José Serra (PSDB) sobre a
prefeita Marta Suplicy (PT) no
primeiro turno trouxe à tona problemas do comitê petista.
Além da preocupação quanto
aos rumos da campanha, materializada na reunião organizada
terça-feira pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, o próprio PT
admite dificuldades de honrar dívidas acumuladas até agora.
Por causa de um atraso no cronograma de pagamento à produtora, o escritório do marqueteiro
Duda Mendonça, responsável pelo programa de Marta no rádio e
na TV, praticamente fechou.
Além do próprio Duda, membros
de sua equipe tiraram folga em
pleno calor da disputa. Ainda ontem, parte da equipe estava de folga. O PT corre sério risco de encerrar sua maior campanha no
vermelho, não só em São Paulo,
mas em várias cidades do país.
Secretário de Relações Institucionais do PT, Paulo Ferreira reconhece que há dificuldades em
São Paulo, mas faz questão de frisar que não são restritas à campanha da cidade, muito menos ao
PT. "Essa é uma campanha grande. Todos os partidos vão sair delas endividados", disse Ferreira.
O próprio presidente do PT, José Genoino, admite que o partido
está com dificuldades para honrar
os compromissos da disputa.
Esse cenário contrasta com a
exuberância da campanha no primeiro turno, quando, num único
jantar, na Casa Fasano, foram arrecadados R$ 3 milhões.
Pelos números do Datafolha,
20% das casas da cidade receberam a visita de profissionais contratados pelo comitê de Marta. Segundo cálculos conservadores,
foram gastos R$ 8 milhões com os
cerca de 4.000 visitadores.
No início da disputa, o comando de campanha de Marta previu
um gasto de R$ 15 milhões. O
coordenador-geral da campanha
e presidente municipal do PT, Ítalo Cardoso, disse na última segunda-feira que um pedido de suplementação estava em estudo.
A cogitação mostra que a campanha teria consumido, no primeiro turno, todo o orçamento
planejado para a eleição. Ontem, a
assessoria da campanha petista
disse que, "por enquanto", o pedido não será feito.
No Rio, o candidato do PT em
Nova Iguaçu, Lindberg Farias,
também reconhece que não conseguiu cumprir o cronograma de
pagamentos do primeiro turno.
Para o PT, a candidatura do deputado é tão importante que, ontem
mesmo, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva gravou participação
no programa de Lindberg.
Apesar disso, a produtora do
programa não tem recebido em
dia. Segundo Lindberg, esse problema será discutido com a equipe ainda nesta semana.
Para hoje, o PT convocou os 24
candidatos do partido que concorrem no segundo turno. Entre
os participantes do encontro, estarão o tesoureiro do partido, Delúbio Soares, e o coordenador do
Comitê de Empresários, José Carlos de Almeida.
A Executiva Nacional do partido conversará com os candidatos
sobre a estratégia no segundo turno. A expectativa é que Delúbio e
Almeida reforcem a estrutura de
arrecadação. Para os que chegam
com o pires na mão, Genoino avisa: "Nós estamos com dificuldade. É natural que o pessoal peça e
é natural que a gente diga que, se
tiver condições, vai ajudar. Se
não, vamos ganhar na política
mesmo assim". E completa: "Se a
gente tivesse [dinheiro], ninguém
ficaria com o pires".
Na coordenação da campanha
petista, há quem aponte que foi
um erro a prefeita reconhecer,
desde o início da campanha, que
há muita coisa a ser feita na saúde.
Para uma pessoa próxima ao comando petista, a tática da humildade de admitir um erro gerou
munição aos adversários.
Sobre a participação mais ativa
de dirigentes nacionais na campanha de Marta, essa mesma fonte
avaliou que eles "demoraram" a
vir ajudar e só o fazem agora porque "a água atingiu os joelhos deles também". Traduzindo: os petistas de Brasília perceberam que
vão ter de trabalhar mais intensamente por Marta para não dificultar a vida de Lula em 2006.
Um outro integrante da campanha de Marta disse que a coordenação não aceitará ingerência de
petistas de Brasília.
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