São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2004

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Falta de pagamento provoca crise Duda-PT

FERNANDO RODRIGUES
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O atraso de pagamentos do PT ao marqueteiro Duda Mendonça provocou crise na campanha da prefeita Marta Suplicy nos últimos dias. No comando petista, falou-se até na eventual troca de publicitário -o que não ocorreu nem ocorrerá. Por ora, o problema foi debelado.
Duda embarcou para Salvador na sexta, sob o argumento de que teria de votar. Só deve reassumir a campanha de Marta hoje. Ele ficou contrariado com o atraso de compromissos financeiros do PT, para quem faz três campanhas estratégicas nestas eleições: São Paulo, Curitiba e Goiânia. Dessas, ele se dedica mais à paulistana.
Até ontem seu escritório de marketing estava esvaziado. Segundo interlocutores de Duda, a situação estava em "banho-maria". Na equipe de Duda, a constatação era de que a campanha não economizou em material de rua, como panfletos e bandeirolas. Como esses gastos ficam a cargo do PT municipal - integrado por desafetos de Duda- não sofreram com as restrições financeiras.
A crise da semana passada foi mais uma no tenso relacionamento entre Duda e parte da cúpula do PT da cidade de São Paulo. O marqueteiro é bem visto pelo presidente Lula e outros caciques petistas, mas ainda sofre resistências no escalão médio do petismo.
Há um grupo ligado à prefeita que enxerga equívocos no trabalho do marqueteiro. Os críticos seriam, basicamente, o candidato a vice-prefeito petista, Rui Falcão, o presidente do PT paulistano, Ítalo Cardoso, e o secretário de Abastecimento e Projetos Especiais, Valdemir Garreta.
Também contribuiu para a última crise a dificuldade eleitoral de Marta, que passou ao segundo turno quase oito pontos percentuais atrás do tucano José Serra.
Como em qualquer campanha em desvantagem, é comum que a direção partidária procure culpados. Dentro do PT foi disseminada a versão de uma suposta animosidade entre Duda e Luis Favre, marido de Marta.
Segundo a Folha apurou, houve um momento no passado em que a relação de ambos não era boa, mas o problema já não existe. Quando Marta subiu o tom em relação a Serra, dizendo que poderia haver uma crise no país com sua eleição, porque ele não teria apoio do governo federal, tal estratégia foi atribuída a Favre.
Duda teria ficado contrariado a ponto de ameaçar a produção publicitária. Mas essa versão não confere com o que a Folha apurou. O marqueteiro aprovou a estratégia de ataques ao tucano. A versão que culpabiliza Favre seria até favorável a Duda. Em caso de derrota de Marta, o marqueteiro teria um bode expiatório à mão.


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