São Paulo, quinta-feira, 07 de outubro de 2004

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UNAÍ

"Os fiscais exageram muito", diz Mânica

Não somos monstros, afirma fazendeiro eleito

IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Prefeito eleito de Unaí (MG) e mantido preso até anteontem como suspeito de ser o mandante da chacina de quatro servidores do Ministério do Trabalho, Antério Mânica (PSDB) disse ontem, em entrevista por telefone, que não é um "monstro", negou o envolvimento da família no crime e afirmou que a "Justiça começa a ser feita".
O fazendeiro, de 49 anos, recebeu na cadeia a notícia de que havia sido eleito no domingo, com 72% dos votos. Como não possui condenação definitiva, não há restrição jurídica à posse de Mânica em 2005.
 

Folha - O sr. é apontado pelo Ministério Público como um dos mandantes da morte dos fiscais em janeiro. Isso procede?
Antério Mânica -
Na verdade, me prenderam nem sei por quê. Os argumentos foram um automóvel escuro, igual a muitos que existem na cidade, e o outro que liguei para o Ministério do Trabalho perguntando se houve acidente com os fiscais. Na verdade, não tinham argumento nenhum. Agora a Justiça começa a ser feita.

Folha - Como o sr. vê o fato de seu partido ter capitalizado sua prisão, dizendo que cada voto era um alvará de soltura?
Mânica -
Já tínhamos projeção desde julho. Muito antes da prisão eu tinha 74%, segundo o Ibope. Não perdi e não ganhei com a prisão. Estou há 27 anos na cidade, gerando empregos, participando da comunidade.

Folha - O que pretende fazer?
Mânica -
A cidade de Unaí tem problemas de saúde, educação, infra-estrutura, falta de asfalto. O trabalho tem que ser geral. Tenho que me virar agora e trabalhar demais para agradecer o mandato.

Folha - Os fazendeiros, como o sr., também têm problemas trabalhistas. Como resolver isso?
Mânica -
Eu asseguro que a região que cumpre mais as leis e normas do Ministério do Trabalho é Unaí. Não tem trabalho degradante nem trabalho escravo. Na minha fazenda é tudo feito rigorosamente em dia.

Folha - Mas os auditores fiscais periodicamente encontram irregularidades nas vistorias.
Mânica -
Tenho este ano um auto de infração por falta da tampa do cesto de lixo do papel higiênico servido. Outro porque faltava a tampa de proteção de tomada elétrica, aquela proteção plástica. Se for ver, não tem isso nem no Palácio do Planalto, nem no Alvorada. Os fiscais exageram muito, é um rigor total. Não conheço nenhuma propriedade que não foi autuada na região.

Folha - Os fiscais exageram?
Mânica -
Os direitos trabalhistas são assegurados, as condições alimentares, tudo. Ficam querendo colocar a opinião pública contra a gente. É uma barbárie ficar anunciando e divulgado isso, porque não procede.

Folha - Seu irmão Norberto está preso sob acusação de ser o mandante da morte dos fiscais.
Mânica -
Os números mostram que a gente não é esse monstro todo, não. Tivemos uma formação, somos oito irmãos sem mãe, sem pai. Nos criamos seguindo a palavra de Deus, cumprindo as leis. Vou ficar muito surpreso se ele tiver alguma relação com esse crime.


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