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INVESTIGAÇÃO
Deputado que presidiu CPI da Pirataria é acusado de tentar extorquir empresário preso pela Polícia Federal
STF instaura inquérito contra Medeiros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A pedido do procurador-geral
da República, Claudio Fonteles, o
STF (Supremo Tribunal Federal)
instaurou ontem um inquérito
para investigar a conduta do deputado federal Luiz Antonio de
Medeiros (PL-SP) e de seus assessores na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pirataria
durante o episódio da prisão do
empresário Law Kim Chong, efetuada em junho deste ano.
No pedido enviado ao STF,
Fonteles se baseia em um depoimento de Pedro Lindolfo Sarlo,
apontado pela Polícia Federal como parceiro de Chong em uma
tentativa de subornar o deputado
para livrar o empresário no relatório final da CPI. Em seu relato,
Sarlo rebate a acusação e sustenta
que foi Medeiros quem tentou
obter dinheiro de Chong.
De início, as investigações estarão focadas em dois assessores:
Antonio Fernando de Miranda,
policial rodoviário federal que auxiliava a CPI, e Regis Flaquer, do
gabinete de Medeiros. Fonteles
pede que a PF confirme quais as
funções exercidas por eles na época em que Chong foi monitorado
pela CPI da Pirataria. Os dois assessores mantiveram contato
com Sarlo durante meses.
No pedido, Fonteles deixa a critério da Polícia Federal se o deputado Medeiros deverá ou não
prestar depoimento sobre o caso.
Prisão
O empresário Law Kim Chong
foi preso no dia 1º de junho momentos depois de supostamente
pagar propina ao deputado Medeiros. Os assessores do deputado
registraram em vídeo os encontros com Sarlo, antes de repassarem o material para a Polícia Federal, que realizou a prisão.
Segundo a tese de Sarlo, acolhida pelo procurador-geral Claudio
Fonteles, as fitas contendo conversas telefônicas e os vídeos dos
encontros podem ter tido trechos
suprimidos. E esses trechos, segundo Sarlo, comprometeriam o
deputado do PL paulista.
Um laudo pericial em poder do
Ministério Público Federal descreve a supressão de trechos nos
diálogos apresentados pela Comissão Parlamentar de Inquérito.
Ontem, o deputado disse que
agiu de acordo com a lei e sugeriu
que Chong utilizou de poder financeiro para conseguir a abertura de inquérito pela Procuradoria
Geral da República. A assessoria
do órgão informou que o procedimento serve para esclarecer os fatos.
Relatório
O relatório da CPI aponta
Chong como um dos principais
contrabandistas do país. Segundo
seu advogado, Luiz Fernando Pacheco, o empresário faz apenas a
locação de estandes em dois imóveis no centro de São Paulo.
O objetivo do inquérito é verificar se o deputado cometeu crime
nas investigações que fez sobre
Chong. Por isso o foco em seus assessores que negociaram diretamente com Pedro Lindolfo Sarlo.
"As degravações das escutas (...)
demonstram a extensa negociação estabelecida entre as pessoas
aqui já referidas, a fim de resolver
o valor a ser pago para diminuir o
problema de Law na CPI e obter
um relatório final que não o incriminasse em demasia", diz Fonteles no texto enviado ao STF.
Há investigações contra Chong
desde 1997, segundo a CPI. Uma
delas é feita pela 7ª Vara Criminal
Federal, cujo titular foi o juiz Ali
Mazloum, acusado na Operação
Anaconda. A operação da Polícia
Federal prendeu um juiz e integrantes da PF acusados de montar
esquema para venda de sentenças
judiciais. Na operação, conversas
de Chong foram grampeadas.
(IURI DANTAS)
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