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NA BOCA DO CAIXA
Ministro pede recursos para cumprir meta de reforma agrária; Gil reitera critica ao orçamento da Cultura
Rossetto engrossa cobrança a Lula por verbas
EDUARDO SCOLESE
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No mesmo dia em que Gilberto
Gil (Cultura) voltou a criticar a
"omissão" do governo no orçamento de sua pasta, o ministro
Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) esteve ontem no
Palácio do Planalto para cobrar
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva a verba prometida para o
cumprimento da meta deste ano
de reforma agrária. A três meses
do final do ano, apenas 36% da
meta foi cumprida.
No último mês de março, o presidente prometeu suplementar
em R$ 1,7 bilhão o orçamento de
R$ 1,4 bilhão do ministério -segundo a pasta, são necessários R$
3,1 bilhões para assentar a meta de
115 mil famílias. Até agora, porém, apenas R$ 395 milhões foram entregues ao ministério.
Ontem, Rossetto disse que,
além da questão orçamentária, a
greve do Incra (Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária) durante 40 dias no primeiro
semestre pode, ao final do ano,
prejudicar o cumprimento da
meta. O ministro, no entanto, ainda não desistiu.
"Estamos trabalhando para nos
aproximarmos [da meta de 115
mil famílias], mesmo reconhecendo o prejuízo [com a greve]",
disse Rossetto. Desde o último
mês de janeiro, 42 mil famílias foram assentadas.
De acordo com o ministro, a suplementação prometida "está
sendo analisada pelos Ministérios
da Fazenda e do Planejamento".
"A reforma agrária é uma prioridade para o presidente Lula",
acrescenta Rossetto.
"Estamos trabalhando para responder às demandas do PNRA
[Plano Nacional de Reforma
Agrária, que prevê o assentamento de 115 mil famílias neste ano e
um total de 400 mil até 2006]",
afirmou o ministro.
Questionado se irá cumprir a
meta mesmo sem os repasses prometidos, Rossetto se esquivou:
"Estamos empenhados no cumprimento das metas".
O ministro declarou ainda que
não há motivos para uma retomada das invasões de terra pelo país,
o que foi prometido pelo MST
(Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra).
Cultura
Já Gilberto Gil, que esteve ontem na Câmara dos Deputados
para discutir o aumento de recursos para sua pasta, repetiu as críticas que fizera anteontem, no Senado, aos investimentos governamentais na área da cultura.
Segundo o ministro, os governos têm se "omitido" no papel de
investir no setor e assegurar o
acesso da população à diversidade cultural produzida pelo país.
Gil incluiu uma ressalva, no entanto, que não constava do discurso feito no Senado: o de que o
governo Lula tem, de acordo com
o ministro, elevado os recursos da
cultura e aumentado o teto de renúncia fiscal para aqueles que fazem investimentos na área.
Apesar disso, Gil considerou
ainda muito "crítica" a execução
feita pelo governo do orçamento
que sai aprovado do Congresso.
"A execução orçamentária das
emendas ainda é muito baixa,
muito crítica", afirmou.
O ministro se referia às emendas que deputados e senadores fazem ao Orçamento, elaborado pelo governo. O de 2005 tramita
atualmente no Congresso.
Gil pediu aos congressistas que
apresentem emendas para a área
em um valor total de R$ 470 milhões. Esse montante supera o
que o governo reservou para custeio e investimento do ministério
em 2005 -R$ 288 milhões.
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