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TODA MÍDIA
O momento de Kerry
NELSON DE SÁ
Até o fim da tarde, o destaque no site do "New York
Times" eram os ataques de
George W. Bush a John Kerry,
mas sublinhando tratar-se de
esforço do presidente americano para responder à notícia que
estava por vir.
E ela chegou a seguir, em manchete não só no site do "NYT",
mas "Washington Post", "Wall
Street Journal", "Financial Times" e muitos mais, pelo mundo. Do "WP":
- Hussein havia destruído as
armas, diz inspetor.
Do "FT":
- Saddam "não tinha armas
de destruição em massa".
Segundo o "WSJ", "o inspetor
dos EUA não viu evidência de
que o Iraque tenha produzido
qualquer arma de destruição em
massa após 1991".
E mais, "a capacidade de armas de Saddam se enfraqueceu
durante os mais de dez anos de
sanções da ONU".
A CNN foi na mesma linha,
bem como a BBC. Mas não a Fox
News: o canal pró-Bush seguiu
martelando os ataques a Kerry,
ontem mais pessoais e histéricos
do que nunca.
A mesma Fox News passou o
dia no esforço de destacar o desempenho do republicano Dick
Cheney no debate dos candidatos a vice, anteontem.
O "NYT" ajuda a entender,
com uma reportagem que reproduziu o e-mail do chefe da
campanha republicana aos militantes, com instruções:
- Imediatamente depois do
debate, visite pesquisas on line,
salas de bate-papo e faça sua voz
ser ouvida. As percepções das
pessoas são formadas tanto nas
conversas posteriores quanto
pelos próprios debates.
Os democratas não ficaram
atrás, aliás, com suas próprias
equipes de "spin", voltadas a espalhar opiniões.
Segundo pesquisa divulgada
anteontem na CNN, o número
de pessoas que julgam que
Kerry derrotou Bush, semana
passada, no primeiro debate
presidencial, cresceu muito ao
longo dos dias. É o "spin", hoje
parte vital das estruturas de
campanha nos EUA.
Para amanhã, novo debate
presidencial -e mais "spin".
Ainda sobre o debate de vices,
o que mais ecoou não foi uma
eventual vitória ou derrota. Foi
que Cheney, no ar, sugeriu à audiência que checasse num site as
suas afirmações.
Mas deu o endereço errado e o
site indicado se viu inundado
por cem acessos por segundo
-e acabou encaminhando todos, por vingança, diretamente
ao site do bilionário George Soros, que é antiBush.
Na página de Soros, liam-se
mensagens como:
- Nós não podemos reeleger
Bush... Bush põe em perigo a
nossa segurança...
Tudo dá errado para Bush, em
várias frentes. Até a Fox News
anda apanhando.
Segundo notícia no "NYT", o
canal errou feio na semana passada, após o debate presidencial,
citando declarações atribuídas
falsamente a Kerry, tipo "eu sou
metrossexual, ele é um caubói".
Do porta-voz da Fox:
- Foi um erro estúpido.
SEM CENSURA
howardstern.com/Reprodução
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Em campanha aberta
contra George W, Bush, o
radialista Howard Stern,
um dos principais dos
EUA, anunciou ontem que
vai para o espaço. Seu programa vem sendo multado
seguidamente pelo governo Bush, supostamente por
usar palavrões, no que Stern qualifica de perseguição política (na ilustração acima, de seu site, ele proclama "eu
quero minha liberdade"). A notícia foi destaque na home do "NYT", do "WP" e até do "WSJ":
- Stern vai mudar seu programa para a rádio por satélite, num negócio que vai liberar o polêmico âncora das
normas federais sobre indecência.
De quebra, o "exílio" espacial vai render US$ 100 milhões por ano a Stern, durante cinco anos.
Sem intenção
E Colin Powell, secretário de
Estado dos EUA, "falou com exclusividade" à Globo. Não foi
além do que disse publicamente,
mas uma nova declaração mais
enfática acabou no "NYT":
- Os EUA entendem que o
Brasil não tem nenhum interesse em uma arma nuclear; não
tem o desejo e não tem planos,
nem programas, nem intenção
de se mover na direção de uma
arma nuclear.
Voz global
O jornal "Christian Science
Monitor", de Boston, deu editorial louvando as palavras de Powell -e saudando a "nova voz
global do Brasil".
Inspeções, afinal
Os sites do "NYT" e do "WSJ",
mais o "Miami Herald", traziam
ontem a informação, dada por
"diplomatas que falaram em
condição de anonimato", de que
o "Brasil concordou com a inspeção de suas instalações nucleares pela ONU".
E ainda tem quem diga que a
viagem de Powell não foi para
tratar de nada disso.
O grande prêmio
O "El País" deu editorial sobre
as eleições. Disse que, "se ampliar os resultados no segundo
turno, 2005 pode ser o ano de
Lula". De todo modo, "é certo
que não conseguiu o grande prêmio", ou seja, São Paulo.
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