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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS CASSAÇÕES
Ex-ministro cogita entrar com ação no STF para questionar isenção de Delgado em processo que deve ser concluído na semana que vem
Dirceu reclama de "parcialidade" de relator
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
O deputado federal José Dirceu
(PT-SP) protestou ontem contra
o que considerou "parcialidade"
do colega Júlio Delgado (PSB-MG), relator do processo contra o
ex-ministro no Conselho de Ética.
Dirceu cogita, segundo seu advogado José Luiz de Oliveira Lima, adotar medida judicial para
questionar a isenção de Delgado
no processo que pode resultar na
cassação de seu mandato.
Ele enviará reclamação formal
por escrito ao presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), queixando-se do excesso de
opiniões emitidas por Delgado.
Caso não haja resultado, Dirceu
poderá entrar com ação no STF
(Supremo Tribunal Federal) argumentando que o relator vem
questionando a defesa ainda na
fase de instrução do processo.
O protesto foi motivado por reportagem de ontem da Folha que
revelou que o relator pedirá a cassação de seu mandato. A informação foi obtida junto a colegas de
Delgado no conselho. Procurado
anteontem, Delgado disse que
não comentaria o teor do relatório e que atua com "isenção e sem
prejulgamento". Ontem, repetiu:
"Se eu tiver a convicção da inocência do deputado José Dirceu,
não recomendarei a cassação. Se
eu tiver a convicção de sua responsabilidade, recomendarei".
"As várias entrevistas que ele
[Delgado] dá questionam rotineiramente as teses da defesa", disse
Lima. "Não se trata de cercear a liberdade de expressão, mas de pedir um comportamento condizente com o de relator de um processo ainda em andamento."
Segundo Lima, já houve uma
reclamação verbal a Izar. "Aparentemente não foi suficiente, então vamos formalizar por escrito.
Se não surtir efeito, estudamos
uma medida judicial."
Já existe uma medida judicial de
Dirceu no STF, alegando que ele
não pode ser cassado por quebra
de decoro por não ter exercido o
mandato de deputado federal até
quatro meses atrás.
Delgado, que pretendia encerrar a fase de investigação ontem,
deve fazê-lo na terça-feira. "Acabamos de receber documentos da
CPI. Vamos analisar, abrir prazo
para a defesa e concluir até a semana que vem", declarou.
Ataque à imprensa
Dirceu divulgou ontem carta na
internet na qual diz sofrer processo de desrespeito a direitos civis.
"Embora seja uma afronta aos direitos civis condenar alguém sem
a caracterização incontestável de
sua culpa, a tentativa de neutralizar os adversários mais operativos faz parte da luta política."
Ele rebate acusações de reportagem da revista "Veja" desta semana. Diz que seu amigo Roberto
Marques nunca fez saque da conta de Marcos Valério no Banco
Rural. Nega que tenha tido negócios com a corretora Bônus-Banval e afirma jamais ter influenciado em empréstimo para a ex-mulher Ângela Saragoça.
Dirceu diz que a revista o atacou
de forma "leviana, capenga e pusilânime (...) com frases insólitas,
mentiras e informações distorcidas", para caracterizá-lo como
"culpado de qualquer coisa" que
justifique sua cassação.
A Folha entrou em contato com
a direção da revista "Veja" no fim
da tarde de ontem, mas não obteve resposta até a conclusão desta
edição.
(FÁBIO ZANINI, SILVIO NAVARRO e KENNEDY ALENCAR)
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