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TODA MÍDIA
Nelson de Sá
Dois Nordestes
No final da tarde, uma
sorridente Fátima Bernardes surgiu na Globo:
- O bispo d. Luiz Cappio acaba de suspender a greve de fome. A decisão foi tomada depois
de cinco horas de reunião com o
ministro Jaques Wagner, que levou uma carta do presidente Lula propondo a revitalização do
rio São Francisco.
Foi destaque imediato nas rádios Jovem Pan e CBN, nos despachos de agências, como a
Reuters, e nos sites noticiosos,
caso da Folha Online:
- Após encontro com ministro, bispo encerra greve de fome.
Foi depois da carta de Lula, entregue pelo ministro, mas também depois da carta de Bento 16,
entregue pelo núncio apostólico
Lorenzo Baldisseri -como sublinhou a Reuters.
Quanto à carta do presidente,
até os blogs dissecavam seu conteúdo, ontem. Já quanto à carta
do papa, quase nada.
Aqui e ali, a confirmação de
que foi um "apelo" para que suspendesse a greve de fome. De
Bento 16, era mais provavelmente uma ordem.
Tema de despachos da agência
americana Associated Press à
espanhola EFE, o bispo já surgia
ontem em jornais pelo mundo
todo, do londrino "The Times"
ao argentino "Clarín".
O que talvez ajuda a explicar a
intervenção papal. Segundo o
Globo Online, à tarde, "o protesto já é motivo de constrangimento na Santa Sé".
Um líder do PFL avisou à tarde à Agência Nordeste que "a liminar da juíza da Bahia, que
suspende a licença do Ibama, é a
primeira da série":
- Vai ser sim e não todo dia, a
briga de dois Nordestes.
O "Jornal Nacional" de William Bonner optou por um deles, o de ACM, para a primeira
manchete ontem:
- Liminar da Justiça Federal
suspende licença para transposição do São Francisco.
No enunciado mais direto do
"Jornal da Record" do âncora
Boris Casoy:
- Bispo encerra greve.
AS RELAÇÕES
A um mês da visita de George W. Bush, anunciada no
dia anterior, já se esboça a cobertura nos jornais americanos, do "Miami Herald", da Flórida, ao "Christian
Science Monitor", de Massachusetts.
O primeiro elegeu o Brasil como exemplo na região,
com um presidente que não cede às "tentações populistas" apesar da crise e que recebe elogios do secretário
John Snow a Paulo Leme, da Goldman Sachs. No título,
"O Brasil -sim, o Brasil- é o modelo".
O segundo jornal avaliou as relações, dizendo que com
os profissionais da secretária Condoleezza Rice, como
seu vice, Roberto Zoellick, ontem em Brasília, "os EUA
estão sinalizando que compreendem a necessidade de
dar mais ênfase à pobreza" na região.
Até então, nada de novo. Mas logo veio problema, no
meio da tarde, na Folha Online:
- Brasil pede autorização à OMC para aplicar sanções
contra os EUA.
É ainda o caso dos subsídios ao algodão. Zoellick saiu
criticando, no Globo Online:
- Minha experiência no comércio mostra que a situação se agrava a partir de uma retaliação.
Antes mesmo do anúncio formal, a intenção do Brasil
de retaliar com sanções era destacada ontem na versão
impressa do "Washington Post".
Mas nem tudo é conflito entre Brasil e EUA.
O "Financial Times" adiantou no site uma reportagem
dizendo que "Brasil e outros", que não aceitavam a exigência de "EUA, União Européia e Japão de fortalecer direitos de propriedade", chegaram a uma "trégua" nas
negociações em Genebra, na Suíça.
As "nações industrializadas" aceitaram discutir uma
"agenda de desenvolvimento".
AS GARRAS DOS EUA
"The Economist"/Reprodução
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Ilustração contra o "controle" da web |
O "Guardian" publicou ontem
longa reportagem saudando o
que chamou de "um anúncio
que muda para sempre a face na
internet". No título:
- Arrancando as garras dos
EUA na internet.
Foi um "golpe político" que a
Grã-Bretanha, diz o jornal, praticou contra os EUA. Em
Genebra, no âmbito da ONU, "Brasil, China, Irã e vários
países africanos" vinham pressionando para Washington desistir do controle da internet, que sempre deteve.
Os americanos resistiam.
Representando a União Européia, o enviado britânico
propôs um "modelo cooperativo reunindo governos"
para tomar conta da rede. Brasil e demais apoiaram de
imediato, os EUA, não. Mas a proposta caminha para o
"consenso", segundo o jornal, no encontro mundial de
cúpula no mês que vem.
A reação veio logo, com blogs como o de Mickey Kaus,
na revista on-line Slate, defendendo o "imperialismo
americano" na internet, com o argumento de que é uma
garantia de democracia.
A revista "The Economist", na nova edição, segue linha
semelhante, com editorial e reportagem questionando as
"vozes críticas como Brasil, China e Irã" e dando apoio à
idéia de um "fórum em que o tema seja tratado por todos
os governos num processo evolutivo".
Foi a proposta lançada pelos EUA, depois da derrota.
@ - nelsondesa@folhasp.com.br
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