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CNBB espera que "moda" de greve de fome "não pegue"
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário-geral da
CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d.
Odilo Scherer, disse esperar
que "não pegue a moda" de
bispos adotarem a greve de
fome para conquistar apoio
em causas pelo país, como
ocorreu nos últimos dez dias
com o bispo Luiz Flávio
Cappio sobre a transposição
do rio São Francisco.
"Sinceramente, eu espero
que essa moda não pegue."
Em entrevista para fazer um
balanço do fim do jejum do
bispo de Barra (BA), o representante da CNBB disse que
a Igreja sai desse processo
"feliz com o desfecho", mas
admitindo a necessidade de
programar "reflexões" nas
bases e "tirar lições" do processo, que envolveu a CNBB,
o Vaticano e o Planalto.
"Apesar de ter sido um
gesto extremo, sem dúvida
pode-se dizer que o fruto é
positivo no sentido de ter
havido uma mobilização da
sociedade para construir um
projeto [de transposição]
mais equilibrado e politicamente concordado", disse.
D. Odilo procurou excluir
a CNBB da iniciativa do jejum, já que a entidade defende a revitalização. Ele condenou apenas a posição do bispo de Barra, que levaria o jejum até a morte caso seu
pleito não fosse atendido pelo governo federal.
Na entrevista, o secretário-geral da CNBB foi questionado se o efeito do jejum seria o mesmo se o protagonista fosse um deputado, por
exemplo. Ele sinalizou que
não. "Talvez, se um deputado fizesse uma greve de fome, também tivesse a repercussão... ou não."
Sobre eventuais novos casos de jejum entre integrantes da Igreja Católica, d. Odilo admitiu que não há como
prevê-los ou evitá-los. "É
certo que isso merecerá uma
boa reflexão. Eu não gostaria
que isso viesse a acontecer,
mas nós vivemos numa sociedade de conflitos e de
muitos interesses, onde as
pessoas chegam a gestos extremos para chamar a atenção em causas justas."
Ontem, apesar dos esforços do Planalto, a CNBB afirmou que a relação da Igreja
Católica com o governo permanece inalterada.
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