São Paulo, sexta-feira, 07 de outubro de 2005

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CNBB espera que "moda" de greve de fome "não pegue"

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), d. Odilo Scherer, disse esperar que "não pegue a moda" de bispos adotarem a greve de fome para conquistar apoio em causas pelo país, como ocorreu nos últimos dez dias com o bispo Luiz Flávio Cappio sobre a transposição do rio São Francisco.
"Sinceramente, eu espero que essa moda não pegue." Em entrevista para fazer um balanço do fim do jejum do bispo de Barra (BA), o representante da CNBB disse que a Igreja sai desse processo "feliz com o desfecho", mas admitindo a necessidade de programar "reflexões" nas bases e "tirar lições" do processo, que envolveu a CNBB, o Vaticano e o Planalto.
"Apesar de ter sido um gesto extremo, sem dúvida pode-se dizer que o fruto é positivo no sentido de ter havido uma mobilização da sociedade para construir um projeto [de transposição] mais equilibrado e politicamente concordado", disse.
D. Odilo procurou excluir a CNBB da iniciativa do jejum, já que a entidade defende a revitalização. Ele condenou apenas a posição do bispo de Barra, que levaria o jejum até a morte caso seu pleito não fosse atendido pelo governo federal.
Na entrevista, o secretário-geral da CNBB foi questionado se o efeito do jejum seria o mesmo se o protagonista fosse um deputado, por exemplo. Ele sinalizou que não. "Talvez, se um deputado fizesse uma greve de fome, também tivesse a repercussão... ou não."
Sobre eventuais novos casos de jejum entre integrantes da Igreja Católica, d. Odilo admitiu que não há como prevê-los ou evitá-los. "É certo que isso merecerá uma boa reflexão. Eu não gostaria que isso viesse a acontecer, mas nós vivemos numa sociedade de conflitos e de muitos interesses, onde as pessoas chegam a gestos extremos para chamar a atenção em causas justas."
Ontem, apesar dos esforços do Planalto, a CNBB afirmou que a relação da Igreja Católica com o governo permanece inalterada.


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