São Paulo, sábado, 07 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

PF quer convocar Berzoini para depor

Petista, que deixou ontem a presidência do partido, poderá escolher local do depoimento, por ter mandato de deputado

Quebra de sigilo mostra que um dos investigados pela PF recebeu ligação de orelhão que fica próximo a casa de câmbio em Florianópolis


HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ

A Polícia Federal decidiu ontem que ouvirá o presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini, sobre o caso do dossiê contra tucanos. Não foi definida a data do depoimento. Deputado federal, Berzoini tem prerrogativa para decidir em que local será ouvido.
Berzoini se afastou ontem do cargo de presidente do partido. Em nota, negou envolvimento com o dossiê oferecido a petistas pelo empresário Luiz Antonio Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas.
A reportagem deixou recado no celular e fez contato com o gabinete da Câmara para falar com Berzoini sobre a decisão da PF, mas não obteve retorno do deputado.
No inquérito aberto para apurar a montagem do dossiê, a PF suspeita de participação de Berzoini no episódio e analisa ligações telefônicas entre ele e envolvidos com a negociação de compra do material.
Os principais envolvidos são Hamilton Lacerda, ex-coordenador de campanha do senador Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo, Oswaldo Bargas e Jorge Lorenzetti, que trabalhavam na campanha de reeleição de Lula, e Expedito Veloso, ex-diretor do Banco do Brasil. A Executiva Nacional do PT decidiu ontem expulsar os quatro do partido.
Na tarde de ontem, a PF recebeu da operadora Claro, de telefonia celular, informações sobre a quebra de sigilos de quatro telefones celulares e relação com nomes das pessoas que são donas de outros 13 telefones cujos números aparecem nas investigações.
O conjunto da quebra inclui o pedido dos extratos telefônicos de Hamilton, flagrado pelo sistema interno de câmeras do hotel Ibis Congonhas, em São Paulo, no momento em que deixou no apartamento de Gedimar Passos uma mala preta, na qual estaria pelo menos parte do R$ 1,75 milhão que seriam usados para pagar o dossiê.
A PF identificou a primeira ligação entre os emissários petistas envolvidos na compra do dossiê e as corretoras e casas de câmbio por meio das quais foi negociada parte dos dólares que seriam utilizados para obter o material. A análise de quebras de sigilo telefônico revelou a existência de uma chamada de um orelhão próximo a uma agência da corretora Confidence, em Florianópolis, para um dos investigados pela PF.


Texto Anterior: Entrevista: Dossiês existem de porretadas, afirma Wagner
Próximo Texto: PT tinha de dar uma resposta para deixar Lula "mais à vontade", afirma Chinaglia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.