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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ
PF quer convocar Berzoini para depor
Petista, que deixou ontem a presidência do partido, poderá escolher local do depoimento, por ter mandato de deputado
Quebra de sigilo mostra que um dos investigados pela PF recebeu ligação de orelhão que fica próximo a casa de câmbio em Florianópolis
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
A Polícia Federal decidiu ontem que ouvirá o presidente licenciado do PT, Ricardo Berzoini, sobre o caso do dossiê
contra tucanos. Não foi definida a data do depoimento. Deputado federal, Berzoini tem
prerrogativa para decidir em
que local será ouvido.
Berzoini se afastou ontem do
cargo de presidente do partido.
Em nota, negou envolvimento
com o dossiê oferecido a petistas pelo empresário Luiz Antonio Vedoin, chefe da máfia dos
sanguessugas.
A reportagem deixou recado
no celular e fez contato com o
gabinete da Câmara para falar
com Berzoini sobre a decisão
da PF, mas não obteve retorno
do deputado.
No inquérito aberto para
apurar a montagem do dossiê, a
PF suspeita de participação de
Berzoini no episódio e analisa
ligações telefônicas entre ele e
envolvidos com a negociação
de compra do material.
Os principais envolvidos são
Hamilton Lacerda, ex-coordenador de campanha do senador
Aloizio Mercadante (PT) ao governo de São Paulo, Oswaldo
Bargas e Jorge Lorenzetti, que
trabalhavam na campanha de
reeleição de Lula, e Expedito
Veloso, ex-diretor do Banco do
Brasil. A Executiva Nacional do
PT decidiu ontem expulsar os
quatro do partido.
Na tarde de ontem, a PF recebeu da operadora Claro, de telefonia celular, informações sobre a quebra de sigilos de quatro telefones celulares e relação
com nomes das pessoas que são
donas de outros 13 telefones
cujos números aparecem nas
investigações.
O conjunto da quebra inclui o
pedido dos extratos telefônicos
de Hamilton, flagrado pelo sistema interno de câmeras do hotel Ibis Congonhas, em São
Paulo, no momento em que
deixou no apartamento de Gedimar Passos uma mala preta,
na qual estaria pelo menos parte do R$ 1,75 milhão que seriam
usados para pagar o dossiê.
A PF identificou a primeira
ligação entre os emissários petistas envolvidos na compra do
dossiê e as corretoras e casas de
câmbio por meio das quais foi
negociada parte dos dólares
que seriam utilizados para obter o material. A análise de quebras de sigilo telefônico revelou
a existência de uma chamada
de um orelhão próximo a uma
agência da corretora Confidence, em Florianópolis, para um
dos investigados pela PF.
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