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Destruição de laranjal pelo MST é grotesca, diz ministro
Ação deve atrasar a atualização dos índices de produtividade da reforma agrária
Kátia Abreu, senadora e
presidente da CNA, começou
a coletar assinaturas para a
criação de CPI que investigue
as contas do movimento
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Interlocutores do MST no
governo federal, o ministro
Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) e o presidente
do Incra, Rolf Hackbart, condenaram a destruição de pés de
laranja numa área invadida pelo movimento no interior paulista. Cassel chamou a ação de
"grotesca" e "injustificável".
"Uma imagem grotesca, injustificável sob qualquer ponto
de vista", disse Cassel. "O movimento tem errado muito e espero que uma situação grotesca
como essa o faça refletir sobre
as suas ações. Ele tem se isolado, tem perdido o apoio social",
completou o ministro petista.
"A minha reação foi de indignação. Não tem razão para isso", disse Hackbart.
A ação, flagrada por cinegrafistas numa área da Cutrale rotulada de grilada pelo MST, terá um efeito colateral aos próprios sem-terra: para esfriar os
ânimos e conter a indignação
dos ruralistas, o Palácio do Planalto deve atrasar ainda mais o
cumprimento da promessa de
atualizar os índices de produtividade da reforma agrária.
Questionado sobre isso, Cassel admitiu: "Atrapalha [a atualização]. É o legítimo tiro no pé.
Uma ação que parece alienada
em relação à realidade. É difícil
encontrar um adjetivo".
A publicação de novos índices é uma antiga reivindicação
do MST e voltou a ser prometida por Lula em agosto, o que
causou reação dos ruralistas e
fez o governo recuar da iniciativa inicial de atualizá-los em 15
dias -os índices são usados pelo Incra na vistoria de áreas
passíveis de desapropriação.
A publicação dos novos índices, cuja versão atual tem como
base o censo agropecuário de
1975, depende de uma portaria
conjunta da Agricultura e do
Desenvolvimento Agrário.
Antes, porém, a proposta
precisa ser apreciada pelo Conselho de Política Agrícola, órgão consultivo do governo e
que, para convocá-lo, o ministro Reinhold Stephanes precisa
de autorização, via decreto, do
presidente. O texto está pronto
e aguarda assinatura de Lula.
A interlocutores o ministro
da Agricultura tem dito que não
assinará essa portaria e, se necessário, prefere deixar a pasta
antes de março -prazo imposto pela lei para que os candidatos nas eleições de outubro deixem cargos no governo.
Agora, por conta da repercussão da derrubada dos pés de
laranja, o governo deve manter
o tema dos índices em banho-maria, sob o temor que seu desengavetamento sirva de combustível para criação de uma
CPI que investigue os repasses
de dinheiro público ao MST.
Comissão desse tipo, avalia o
Planalto, pode respingar na
candidatura do PT a presidente, dada à histórica relação do
partido com os sem-terra.
Ontem, a senadora Kátia
Abreu (DEM-TO), presidente
da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil),
começou a recolher assinaturas
para a criação de CPI que investigue as contas do movimento.
"Peço uma reação dura contra o MST, que consigamos rever a CPI", disse ela, no plenário, numa referência à CPI com
o mesmo foco engavetada na
semana passada após deputados terem retirado assinaturas
a pedido do Planalto.
Assista ao vídeo da
destruição do laranjal
www.folha.com.br/092793
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