|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Justiça ordena reintegração de posse da fazenda
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM IARAS
RODRIGO VIZEU
DA AGÊNCIA FOLHA
A Justiça de São Paulo determinou ontem a reintegração de
posse da fazenda da multinacional Cutrale, em Iaras (271
km de São Paulo), que teve parte do laranjal destruído com
um trator por integrantes do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) para o plantio de feijão. Desde 28
de setembro, cerca de 250 famílias do MST estão no local.
A Polícia Militar estimou que
foram destruídos cerca de
7.000 pés de laranja. Já o movimento afirmou que a derrubada não chegou a 3.000 pés.
"Não pode ser monocultura,
tem que plantar comida para o
povo, embora a gente entenda
que laranja também é alimento", disse Claudete Souza, líder
do movimento no local.
O MST argumenta que as terras pertencem à União e são
usadas há dez anos ilegalmente
pela Cutrale -uma das maiores
produtoras de laranja do Brasil.
Em nota, o Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária) condenou a
ação, mas disse que a área integra conjunto de terras públicas.
O órgão disse que reivindicou
as terras em 2006 e que aguarda decisão da Justiça Federal.
A multinacional apresentou
documentos à Justiça estadual
nos quais afirma ser proprietária da área. Argumentou também que a terra é produtiva.
"A produtividade da área não
pode esconder que a Cutrale
grilou terras públicas", disse o
MST, em nota.
A Folha esteve no local. Uma
guarita foi pichada com frases
como "MST não desiste" e "Fora Cutrale". Tratores e caminhões foram pintados e barracos foram levantados.
O coordenador estadual do
MST e um dos responsáveis pelo acampamento, Márcio Santos, disse que as famílias não
sairão mesmo com a ordem de
reintegração de posse.
A Cutrale acusou o MST de
ter expulsado 300 funcionários. O movimento diz que eles
saíram por vontade própria.
Na madrugada de ontem, a
polícia deteve dois homens em
um caminhão que transportava
equipamentos e laranjas da fazenda. Eles foram autuados
por furto qualificado. O MST
diz que eles não integram o
movimento.
Pernambuco
Ontem, em São Joaquim do
Monte (a 134 km de Recife),
cerca de 150 integrantes do
MST invadiram uma fazenda
de um empresário suspeito de
sonegação fiscal foragido há
cinco meses. A reportagem não
localizou seus advogados.
Colaboraram GUSTAVO HENNEMANN e FÁBIO GUIBU, da Agência Folha
Texto Anterior: Destruição de laranjal pelo MST é grotesca, diz ministro Próximo Texto: Conflito: Ministério Público denuncia soldado por morte de sem-terra no RS Índice
|