São Paulo, Domingo, 07 de Novembro de 1999
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PAINEL

Pior a emenda
O PFL continua jogando pesado para o Planalto demitir o peemedebista Padilha (Transportes). Irritado, Jader Barbalho (PMDB-PA) já avisou o governo: Se FHC capitular, o partido vai indicar ele mesmo para substituir o ministro gaúcho.

Lobotomia fiscal
De Everardo (Receita) sobre a oposição que faz à cobrança de ICMS federal e estadual, prevista no projeto de reforma tributária da Câmara, proposta que defendia há 20 anos: "Eu mudei. Idéia fixa é baixo nível de atividade no lóbulo frontal".

Palavra quebrada
FHC prometeu liberar 70% do valor das emendas de cada parlamentar ao Orçamento, mas não cumpriu. A cobrança dos deputados tem sido tanta que o tucano Arnaldo Madeira (SP), líder do governo, se queixou a amigos: "Não posso mais nem entrar no Congresso".

Cortando caminho
Enquanto Bornhausen fala em viabilizar a candidatura presidencial de Jaime Lerner e divide espaço no noticiário com o namoro Garotinho-PMDB, ACM é mais pragmático: almoçou na quarta passada com Tasso Jereissati, a opção pefelista para a renovação da aliança com o PSDB em 2002.

Só tem esperto
Embora solidário com Padilha (Transportes), Jader entende que o ministro o deixou numa sinuca de bico no episódio da demissão de um protegido do governador Almir Gabriel (PSDB-PA) na Companhia das Docas do Pará. A decisão de demitir e a escolha do substituto foram obras do ministro. Sem saída, Jader comprou a briga.

Cobrança tímida
Irônico, ACM cobrou de Pedro Simon (PMDB-RS) um discurso sobre as denúncias do Padilhagate. O senador gaúcho, que ficou famoso por dinamitar ministros, acabou falando. Mas pegou bem leve com seu conterrâneo e correligionário Eliseu Padilha (Transportes).

Não larga a teta
As conversas entre Garotinho (PDT) e o PMDB são periféricas. Os caciques não têm interesse em fechar agora com o governador do Rio, pois teriam que definir já suas relações com FHC, o que só pretendem fazer depois da eleição de 2000. De preferência, bem depois.

Devagar com o andor
Além de não querer largar seus cargos no governo, os peemedebistas acham que é cedo para o jogo sucessório. Em três anos, avaliam, FHC pode melhorar, enquanto Garotinho estará sujeito às "febens" da política. O melhor é esperar.

Caiu da cama
Aécio Neves (PSDB-MG) foi aconselhado por Nunes Ferreira (Secretaria Geral) a não hostilizar o PMDB. O líder tucano, que já articula a sua recondução no ano que vem, precisará do apoio peemedebista se quiser presidir a Câmara em 2001.

Já era tempo
Acusado de dar o OK para a desapropriação de uma fazenda que estava submersa, o perito do Incra Luiz Alberto de Souza foi condenado a um ano e quatro meses de prisão pela Justiça.

Interesses próprios
Enquanto Ciro troca afagos com Mário Covas, deputados estaduais do PPS, nos bastidores, detonam o governador tucano. Prometem se aliar ao PT para obstruir a votação do Orçamento do ano que vem.

Criando asas
Um estudo do Ipea deve agitar o 16º Congresso Brasileiro de Avicultura, neste mês, em Brasília. Diz que o número de indigentes no país diminuiria entre 10% e 14% se eliminassem os impostos sobre os alimentos.

Conta encerrada

A revista "OCA", editada por brasileiros em Nova York, parece ter feito as pazes com o governo FHC, que sempre tratou na base do pisão. Em sua última edição, publica duas elogiosas páginas sobre o embaixador em Washington, Rubens Barbosa.

TIROTEIO

De José Dirceu, presidente do PT, sobre FHC manter Padilha (Transportes) e Greca (Turismo) no governo, apesar das denúncias de irregularidades nos seus ministérios:
- O exemplo vindo de cima é o pior possível. Fernando Henrique está sendo leniente e conivente com esses ministros.

CONTRAPONTO

Vício incômodo

O diretor-geral do DNER, Genésio Bernardino, passou por maus momentos, semana passada, ao tentar explicar a denúncia de que se pagava propina para acelerar a quitação de precatórios no órgão.
Muito tenso, Bernardino acabou não conseguindo resistir à vontade de acender um cigarro, hábito que, desde a época em que era deputado federal, tenta abandonar.
Certa vez, conta Bernardino, ele foi a uma sessão da Câmara e não levou cigarros. Menos de uma hora depois, porém, acabou se arrependendo e pediu um para uma colega parlamentar, cujo nome não revela.
Dez minutos depois, pediu outro. E mais outro. Em menos de uma hora, Bernardino filou cinco cigarros da colega, que lhe perguntou:
- Você está nervoso?
Bernardino respondeu:
- Não, eu fumo muito, mas não trago.
Réplica da deputada:
- Mas deveria tragar, pois já fumou cinco dos meus!


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