São Paulo, Domingo, 07 de Novembro de 1999
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"Acalmou", diz tio de Garotinho

da enviada especial

O microempresário Samir Matheus, 66, comerciante em Campos há 47 anos, é sócio de uma tradicional loja de tecidos e roupa de cama, mesa e banho no centro, chamada A Noiva. Para ele, a cidade -terra natal do seu sobrinho Anthony Garotinho- foi alvo de "terrorismo fiscal".
Matheus preside o Conselho Deliberativo do CDL e é conselheiro da Associação Comercial e Industrial de Campos. Leia, a seguir, trechos da entrevista. (IC)

Folha - O que aconteceu entre o comércio e a fiscalização?
Samir Matheus -
A fiscalização, com intuito de fazer subir a arrecadação de ICMS, resolveu sentar praça em Campos. Fez uma série de arbitrariedades, inclusive, segundo soube, com extorsões. Havia clima de terrorismo. Até que, num encontro memorável com o (ex-secretário) Sasse, a portas fechadas, a prefeitura entrou na campanha e solicitou que os comerciantes se pronunciassem sobre o que estava acontecendo, para tomar providências. Sasse veio aqui, a mando do governador. Fizemos sugestões, pressionamos e propusemos o rodízio dos fiscais. Ele não concordou. Mas o pessoal já estava viciado.

Folha - Em dez meses (os fiscais não trabalhavam juntos antes), houve tempo para isso?
Matheus -
O comércio chegou a falar em fechar as portas por 24 horas em sinal de protesto.

Folha - Essa extorsão que o senhor diz que aconteceu...
Matheus -
Ficou caracterizada várias vezes.

Folha - Então por que ninguém acionou o Justiça?
Matheus -
Não adianta, porque o comerciante diz de um lado, mas outro fiscal vinha e prejudicava. Agora parece que acalmou.

Folha - O sr. não acha grave acusar fiscais de corrupção e não denunciar ninguém?
Matheus -
Não adianta.

Folha - É a primeira vez que acontece isso aqui em Campos?
Matheus -
Com essa pressão forte, foi. Fui multado porque o governo exige uma máquina (emissora de cupom fiscal), meu contador deu mancada, e me multaram em R$ 4.600. Estou recorrendo. O comércio deve ser fiscalizado, mas não como estava.


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