São Paulo, terça-feira, 07 de novembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CONGRESSO
PSDB quer se cacifar na disputa de poder com aliados do governo
Tucanos e PMDB lançam Aécio para presidir Câmara

KENNEDY ALENCAR
LUIZA DAMÉ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cúpula do PSDB lança amanhã a candidatura do deputado federal tucano Aécio Neves (MG) à presidência da Câmara, numa manobra articulada com o PMDB. O acordo, porém, restringe-se apenas a esse lance, pois os dois partidos têm objetivos diferentes.
O PSDB ocupará espaço na disputa pelas presidências da Câmara e do Senado, briga que vinha sendo travada entre PFL e PMDB com seus respectivos candidatos -o deputado Inocêncio Oliveira e o senador Jader Barbalho.
No mínimo, os tucanos se cacifarão para serem melhor recompensados na reforma ministerial se tiverem de sacrificar Aécio. As eleições acontecerão em fevereiro de 2001, quando uma mudança ministerial deverá acontecer.
No máximo, o PSDB competirá pela presidência da Câmara. O mais provável, porém, é que o presidente Fernando Henrique Cardoso interfira a favor do PMDB e do PFL. As presidências das duas Casas têm sido usadas como compensação aos dois aliados, já que o PSDB tem a Presidência da República.
O PMDB usará o lançamento de Aécio para dar fôlego a Jader, cujo projeto de presidir o Senado é bombardeado pelo presidente do Congresso, senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
Os peemedebistas não fecharam com Aécio. Só o farão com aval de FHC. Agora, darão declarações simpáticas ao tucano. Objetivos: 1) forçar Inocêncio (PE) e o senador Jorge Bornhansen (SC), presidente do PFL, a tentar convencer ACM de que é preciso se acertar com o PMDB e 2) tensionar FHC.
No roteiro da candidatura Aécio, há outro lance que interessa ao PMDB. O líder tucano no Senado, Sérgio Machado (CE), deve fazer um discurso hoje defendendo o direito de as maiores bancadas indicarem os presidentes das duas Casas do Congresso.
Ou seja, os postos caberiam ao PSDB na Câmara e ao PMDB no Senado. Isso é importante para Jader, já que o PMDB é o partido que tem o maior grupo de senadores. Jader, ferido por uma reportagem da revista "Veja", ganha argumento de outro partido para sua candidatura.
O secretário-geral do PSDB, Márcio Fortes, diz que "o partido está fechado" e que "o Palácio do Planalto está observando, mas não há vetos". Reservadamente, porém, tucanos admitem a eventual desistência de Aécio.
Apesar do discurso de neutralidade, FHC avalia que a dobradinha PMDB-PFL é a melhor para unir a base de apoio nos dois últimos anos de governo.


Texto Anterior: Grafite - Paulo Caruso
Próximo Texto: Salário mínimo: Secretário defende cobrar inativos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.